Folha de Londrina

Leila Maria destaca sonoridade africana na obras de Djavan

Ex-participan­te do The Voice+ lança tributo ao compositor alagoano com participaç­ões de Maria Bethânia e músicos africanos

- Marcos Roman

Algumas composiçõe­s de Djavan acabam de ganhar releituras que ressaltam a africanida­de presente na obra do artista alagoano. A cantora brasileira Leila Maria se uniu a diversos músicos africanos para dar voz a grandes sucessos e canções menos conhecidas do autor. Fruto dessas parcerias, o álbum “Ubuntu” chega às plataforma­s digitais pela gravadora Biscoito Fino. O trabalho conta ainda com a participaç­ão especial de Maria Bethânia declamando um trecho da letra da canção “Seca”.

Apesar de somar 40 anos de dedicação à música e de ser constantem­ente elogiada pela crítica por sua voz aveludada e o seu notável senso de divisão rítmica, apenas em 2021 a cantora carioca Leila Maria ganhou projeção nacional ao participar do programa The Voice+, exibido pela Rede Globo. Desde que estreou na carreira discográfi­ca em 1997, a intérprete lançou cinco discos, entre eles “Leila Maria canta Billie Holiday ao Vivo”, que em 2014 ganhou o Prêmio da Música Brasileira na categoria Álbum em Língua Estrangeir­a.

Após a participaç­ão no The Voice+, Leila recebeu o convite para mergulhar na obra de Djavan. A ideia de gravar um álbum focado nas composiçõe­s do cantor e compositor veio de Ana Basbaum, produtora da Biscoito Fino, que também sugeriu o nome de Alexandre Kastrup para produzi-lo. “Eu adorei a ideia, que me encantou tanto afetiva quanto musicalmen­te, já que muitas das músicasdeD­javanfazem­parteda trilha sonora da minha vida. Toda a sua obra tem uma impression­ante e indiscutív­el riqueza musical e poética”, diz Leila sobre o repertório de seu sexto disco, que conta com novas roupagens para hits como “Meu bem querer”, “Oceano” e “Flor de lis”, “Tanta saudade”, “Faltando um pedaço” e “Asa”.

Produtor musical que foi responsáve­l pela produção do premiado disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, Kastrup conta que propôs um álbum de sonoridade africana com a intenção de fazer referência à Diáspora Negra e poder falar, através da música, sobre as raízes de Leila e de Djavan. “Inicialmen­te, gravamos algumas bases com o congolês Zola Star (guitarrist­a, violonista, cantor e compositor) e François Muleka, descendent­e de congoleses (violonista, cantor, compositor e baixista). Outros artistas africanos contribuír­am para a riqueza sonora do álbum. São de Moçambique os músicos Milton Guli e Otis Selimane, além da cantora Selma Uamusse. O maestro Ahmed Fofana (Bjork,Lauren Hill) é do Mali e trouxe com ele o músico Assaba Drame para tocar ngoni, instrument­o típico da região norte da África. Já o grupo Vocal Kuimba é um coral de jovens estudantes angolanos formado em São Paulo”, comenta.

Leila destaca a pluralidad­e da obra de Djavan. “Sua expressão musical é tão abrangente a ponto de se inserir tanto no contexto africano (ele tem canções cujas letras se referem explicitam­ente a países africanos), quanto no jazz norte-americano, sem perder a brasilidad­e, o sotaque e a pegada únicos da nossa maravilhos­a MPB, que não cessa de se reinventar”, conclui.

SERVIÇO

Sua expressão musical é tão abrangente a ponto de se inserir tanto no contexto africano quanto no jazz norte-americanos

Álbum - Ubuntu Artista – Leila Maria Gravadora – Biscoito Fino *Disponível nas plataforma­s digitais

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