Folha de Londrina

O povo russo

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É importante saber que este povo que agora sobrevive na Rússia é descendent­e de pessoas que já foram governadas por Vladimir Ulyanov, conhecido como “LENIN’’, chefe da Rússia soviética de 1917 à 1924 e da União Soviética de 1922 até sua morte. Foi quem primeiro usou as teorias de Marx e as traduziu para a política real. Afirmava a constante necessidad­e da violência. Dizia: “A ditadura do proletaria­do nada mais é do que o poder baseado na força sem limites, nem pela lei, nem por regra nenhuma”. Durante seus anos de poder, foi responsáve­l por milhões de mortes, estabelece­ndo campos de prisioneir­os para derrubar e destruir a oposição ao seu programa comunista.

Logo à seguir, viria Losif Dzhugashvi­li, chamado de Joseph Stalin, indivíduo criado por pai alcoólatra. Cresceu na política, voltou-se contra os seus aliados e já no início da década de 30 era o único ditador da União Soviética. Com o uso implacável da polícia secreta, conseguiu amedrontar a população a ponto do qual não existia mais liberdade civil.

No início da década de 30, mais de 25 milhões de camponeses foram assassinad­os ou morreram de fome para que Stalin pudesse manter sua política. A principal caracterís­tica da sua personalid­ade era a de ser implacável. Segundo a história, frutos das suas atitudes, podem chegar a mais de 30 milhões de mortes. Uma de suas frases: “A morte de uma pessoa é uma tragédia, a de milhões, uma estatístic­a.”

Lembrar que ao redor de 1940, a União Soviética ameaçou com invasão a Letônia, Lituânia e Estônia. As frequentes anexações se justificav­am, segundo Stalin, a uma defesa contra o ataque da Alemanha nazista, mas quando a guerra terminou, não devolveu nenhum dos território­s ocupados.

Após a 2ª guerra, começa a Guerra Fria, que tem como causa principal a política expansioni­sta de Stalin com seu desejo implacável de disseminar o partido comunista, mas em 1949 a OTAN foi criada pelo ocidente para brecar este ímpeto.

Agora, por mais de 20 anos, aparece esse Vladimir Putin, com suas brutalidad­es e agressões, perseguind­o qualquer oponente ou dissidente, com traços de megalomani­a, com culto psicótico a sua personalid­ade, se autoconced­endo títulos grandiloqu­entes de sabedoria e habilidade de líder.

Dentro desta sequência de loucos, ensandecid­os, pergunta-se: como que o mundo espera que se comporte o povo russo? Que culpa poderiam ter neste malvisto conflito (Rússia x Ucrânia)? A resposta poderia ser a mesma que a nossa brasileiro­s, nenhuma culpa. E pela história que viveram, não poderiam ter outro comportame­nto a não ser o de cuidados e grande dose de precaução. A Rússia tem um povo inocente, com vontade de sobreviver e a culpa da guerra recai claramente sobre seus dirigentes, governante­s sem respeito e consideraç­ão para um povo que durante a maior parte da sua história só quis sobreviver e não pode ser culpado pelas atrocidade­s e megalomani­a de seus dirigentes inescrupul­osos.

Como é difícil conhecer a Rússia, é mais fácil tirar conclusões, andando por Cuba, um país de fácil acesso e que também teve governo ditatorial. Vemos pelas ruas um povo oprimido, pescadores sem barcos (se tivessem, fugiriam). Médicos, em Havana, em um silêncio indignado, vendendo charutos na praça da igreja, uma feira de livros na praça central, onde é proibido sequer perguntar sobre algum livro com uma filosofia fora do marxismo, com risco de prisão. Já passei por essa cena que assisti com tristeza.

O Brasil, apesar de tanta corrupção de alguns, ignorância de outros, ainda temos a quase liberdade que é uma grande felicidade. Só depende do caminho que pretendemo­s escolher.

Liberdade é amar sem dominar. E sentir seu coração bater sem ter medo de outrem. Ter uma alma com ou sem tempestade, mas com liberdade.

Dentro desta sequência de loucos, ensandecid­os, pergunta-se: como que o mundo espera que se comporte o povo russo?

Nelio Roberto dos Reis, professor universitá­rio

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