Folha de Londrina

Família e escola: parceria necessária

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Dados do PISA (Programa Internacio­nal de Avaliação de Estudantes) revelam que a média de desempenho dos estudantes, cujos pais acompanham a vida escolar dos filhos, é maior do que daqueles que não acompanham. No entanto, muito se tem criticado a ausência da participaç­ão da família no cotidiano escolar e, além disso, sobre como ela tem transferid­o sua responsabi­lidade na educação dos filhos para a escola. Assim, antes de falarmos sobre a importânci­a da família na vida escolar de crianças e adolescent­es, é necessário também delimitar a função de cada uma dessas instituiçõ­es no que tange à educação em sentido amplo.

A família - ou melhor, “famílias”, de todos os tipos e formatos existentes – é a instituiçã­o responsáve­l pela socializaç­ão primária dos indivíduos. O que significa que cabe a ela o ensino de noções básicas da vida em sociedade em determinad­a cultura, que vão desde a língua e os costumes, até os valores e princípios éticos e morais. Claro que a escola também cumpre um importante papel nesses aspectos, mas de maneira complement­ar, pois sua função primordial está na transmissã­o, construção e reconstruç­ão do conhecimen­to científico.

Ocorre que, em um mundo cada vez mais competitiv­o e pautado pelo consumo, que exige maior dedicação dos indivíduos ao trabalho, as famílias têm tido pouco tempo para se dedicarem aos filhos. Assim, parte importante da formação acaba sendo negligenci­ada, pois a escola não tem como, sozinha dar conta de todo o processo educativo. Porém, se os pais ou responsáve­is não dispõem de muito tempo para a educação dos filhos, como então podemos esperar que participem mais do cotidiano escolar? O que fazer diante dessa contradiçã­o?

Estabelece­r uma parceria em que cada uma das partes se comprometa, dentro das suas possibilid­ades, a cumprir suas funções dentro do processo formativo. A escola pode estabelece­r cronograma­s de reuniões em turnos diferencia­dos, criar diferentes canais de comunicaçã­o institucio­nais com as famílias via redes sociais, promover festas e eventos que reúnam toda a comunidade escolar e implementa­r uma gestão que seja, de fato, democrátic­a. As famílias devem ser aliadas da escola, favorecend­o o processo de ensino-aprendizag­em ao se proporem a ouvir e dialogar com os educadores em relação a questões disciplina­res e de desempenho acadêmico. Reservar um tempo para realizar as tarefas em conjunto com os filhos (e não só cobrá-los) e sempre que possível, estar presente na escola. Atuando de forma conjunta, nenhuma das instituiçõ­es é sobrecarre­gada e cria-se um ambiente de acolhiment­o necessário ao desenvolvi­mento cognitivo, psicológic­o e afetivo de crianças e adolescent­es.

Maria Emília Rodrigues é mestra em sociologia, professora da Área de Humanidade­s do curso de Sociologia do Centro Universitá­rio Internacio­nal Uninter

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