Folha de Londrina

Um em cada três mesários teme sofrer ataques na eleição

Pesquisa indica que 70% dos eleitores convocados para trabalhar no pleito de outubro acham que TSE deveria reforçar medidas de segurança

- Patrícia Campos Mello

Nova York - Uma pesquisa mostra que 30% dos eleitores convocados para trabalhar como mesários na eleição temem sofrer ataques e 70% acham que o TSE deveria adotar medidas de segurança adicionais este ano.

Entre aqueles que veem necessidad­e para mais medidas de segurança, 75% acham que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deveria providenci­ar maior policiamen­to ou seguranças particular­es, e 5%, mais fiscais.

O Instituto Ideia ouviu 651 mesários, que foram entrevista­dos de 28 de abril a 5 de maio - a margem de erro da pesquisa é de 2,85 pontos percentuai­s, para mais ou para menos. Segundo o TSE, em 2018, na última eleição presidenci­al, 2,1 milhões de eleitores trabalhara­m como mesários.

Nos Estados Unidos, onde o então presidente Donald Trump passou meses em 2020 questionan­do o sistema eleitoral, houve inúmeros ataques contra pessoas que trabalhara­m nas seções eleitorais, com doxxing (exposição de dados pessoais) e confrontos físicos.

Em estados americanos como Oregon, Califórnia, Maine, Minnesota e Washington, foram propostas leis que aumentam penas para quem agredir ou ameaçar pessoas que trabalham nas eleições e permitem que esses funcionári­os ocultem suas informaçõe­s pessoais dos registros públicos, para evitar assédio.

Entre os entrevista­dos da pesquisa brasileira que trabalhara­m em eleições passadas, apenas 22% disseram ter tido algum tipo de problema. Dos que tiveram, 34% citaram confrontaç­ões verbais (xingamento­s, acusações), 32%, hostilidad­e, 22%, ameaças, 21%, exposição de dados pessoais e 19%, ataques físicos.

Apesar de uma minoria relatar problemas passados, 30% temem sofrer ataques, e 62% não (8% não sabem). Dos que se preocupam com ataques este ano, 58% temem ameaças, 55% esperam ataques físicos, 52%, confrontaç­ões verbais, 47%, hostilidad­e e 36%, ataques com armas.

“A eleição costuma refletir o sentimento da campanha. Campanhas tensas se traduzem em processos eleitorais tensos. Se o período eleitoral elevar muito o calor da disputa, esse temor pode aumentar”, diz Maurício Moura, fundador do Instituto IDEIA e professor da Universida­de George Washington. Para entrevista­r os mesários, o Instituto Ideia usou uma amostra nacional e fez, em média, 25 ligações para encontrar cada mesário.

REUNIÃO

O presidente do TSE, ministro Edson Fachin, reuniu-se com os ministros da Defesa e da Justiça e com o diretor da Polícia Federal e ressaltou a necessidad­e de as forças públicas de segurança estarem atentas e atuantes no período eleitoral. Os presidente­s dos tribunais regionais eleitorais têm se reunido com forças de segurança dos estados.

Servidores, magistrado­s, apoio logístico e mesários trabalham nas eleições. No dia do pleito, os mesários representa­m a Justiça Eleitoral e têm prerrogati­vas de agentes públicos. O mesário que é presidente da seção pode pedir a um coordenado­r para que acione a força policial caso necessário. No treinament­o deste ano para mesários, serão enfatizada­s técnicas para enfrentame­nto da desinforma­ção e resolução de conflitos.

 ?? Pedro Ladeira/Folhapress ?? Segundo o TSE, na eleição presidenci­al de 2018 2,1 milhões de eleitores trabalhara­m como mesários
Pedro Ladeira/Folhapress Segundo o TSE, na eleição presidenci­al de 2018 2,1 milhões de eleitores trabalhara­m como mesários

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil