Um em cada três mesários teme sofrer ataques na eleição
Pesquisa indica que 70% dos eleitores convocados para trabalhar no pleito de outubro acham que TSE deveria reforçar medidas de segurança
Nova York - Uma pesquisa mostra que 30% dos eleitores convocados para trabalhar como mesários na eleição temem sofrer ataques e 70% acham que o TSE deveria adotar medidas de segurança adicionais este ano.
Entre aqueles que veem necessidade para mais medidas de segurança, 75% acham que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deveria providenciar maior policiamento ou seguranças particulares, e 5%, mais fiscais.
O Instituto Ideia ouviu 651 mesários, que foram entrevistados de 28 de abril a 5 de maio - a margem de erro da pesquisa é de 2,85 pontos percentuais, para mais ou para menos. Segundo o TSE, em 2018, na última eleição presidencial, 2,1 milhões de eleitores trabalharam como mesários.
Nos Estados Unidos, onde o então presidente Donald Trump passou meses em 2020 questionando o sistema eleitoral, houve inúmeros ataques contra pessoas que trabalharam nas seções eleitorais, com doxxing (exposição de dados pessoais) e confrontos físicos.
Em estados americanos como Oregon, Califórnia, Maine, Minnesota e Washington, foram propostas leis que aumentam penas para quem agredir ou ameaçar pessoas que trabalham nas eleições e permitem que esses funcionários ocultem suas informações pessoais dos registros públicos, para evitar assédio.
Entre os entrevistados da pesquisa brasileira que trabalharam em eleições passadas, apenas 22% disseram ter tido algum tipo de problema. Dos que tiveram, 34% citaram confrontações verbais (xingamentos, acusações), 32%, hostilidade, 22%, ameaças, 21%, exposição de dados pessoais e 19%, ataques físicos.
Apesar de uma minoria relatar problemas passados, 30% temem sofrer ataques, e 62% não (8% não sabem). Dos que se preocupam com ataques este ano, 58% temem ameaças, 55% esperam ataques físicos, 52%, confrontações verbais, 47%, hostilidade e 36%, ataques com armas.
“A eleição costuma refletir o sentimento da campanha. Campanhas tensas se traduzem em processos eleitorais tensos. Se o período eleitoral elevar muito o calor da disputa, esse temor pode aumentar”, diz Maurício Moura, fundador do Instituto IDEIA e professor da Universidade George Washington. Para entrevistar os mesários, o Instituto Ideia usou uma amostra nacional e fez, em média, 25 ligações para encontrar cada mesário.
REUNIÃO
O presidente do TSE, ministro Edson Fachin, reuniu-se com os ministros da Defesa e da Justiça e com o diretor da Polícia Federal e ressaltou a necessidade de as forças públicas de segurança estarem atentas e atuantes no período eleitoral. Os presidentes dos tribunais regionais eleitorais têm se reunido com forças de segurança dos estados.
Servidores, magistrados, apoio logístico e mesários trabalham nas eleições. No dia do pleito, os mesários representam a Justiça Eleitoral e têm prerrogativas de agentes públicos. O mesário que é presidente da seção pode pedir a um coordenador para que acione a força policial caso necessário. No treinamento deste ano para mesários, serão enfatizadas técnicas para enfrentamento da desinformação e resolução de conflitos.