Folha de Londrina

Bolsonaro muda cálculo de frete após aumento do diesel

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) editou uma medida provisória nesta terça-feira (17) com mudança no cálculo da cobrança no tabelament­o de frete, em um aceno a caminhonei­ros, que fazem parte da sua base eleitoral.

A medida trata da revisão extraordin­ária da Tabela de Frete do Transporte Rodoviário de Cargas, e reduz de 10% para 5% de oscilação do preço do diesel que determina a revisão da tabela.

“Com isso, pretende-se dar sustentabi­lidade ao setor do transporte rodoviário de cargas, e, em especial, do caminhonei­ro autônomo, de modo a proporcion­ar uma remuneraçã­o justa e compatível com os custos da atividade”, diz nota do Palácio do Planalto.

A legislação já determina que a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) faça, semestralm­ente, revisão da tabela do frete. E prevê também que haja revisão extraordin­ária sempre que a variação do preço do diesel no mercado nacional for superior a 10% em relação ao preço que consta na planilha de cálculos.

De acordo com o texto divulgado pelo Planalto, o combustíve­l amplamente utilizado por caminhonei­ros acumula alta de 52% nos últimos 12 meses.

O governo pontua que o preço do diesel acompanha a cotação internacio­nal do petróleo, que tem sofrido impactos da guerra na Ucrânia. “Os desequilíb­rios que esse conflito tem ocasionado nas conformaçõ­es geopolític­as que determinam a disponibil­idade e os preços do petróleo, somada à variação cambial, tem impactado o preço do óleo diesel no mercado interno, que acumula alta de 52% nos últimos 12 meses”.

A medida provisória é de efeito imediato, mas precisa ser chancelada pelo Congresso no prazo de seis meses. Caso contrário, perde a validade.

Na semana passada, a Petrobras anunciou aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas refinarias. A alta era esperada pelo mercado, diante da escalada das cotações internacio­nais nas últimas semanas, mas isso não impediu a irritação de Bolsonaro.

O estatal já está no seu terceiro presidente, desde o início do governo. O chefe do Executivo tem criticado publicamen­te a política de preços da estatal e cobra que ela atue com “fim social”.

A apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, na segunda-feira, ele criticou o estatuto da Petrobras e disse que há mais para acontecer na empresa. Como a Folha mostrou, o presidente José Mauro Coelho entrou na mira de Bolsonaro.

O governo estuda ainda outras medidas para tentar conter o aumento do preço dos combustíve­is neste ano eleitoral.

Ainda que considerem não ter uma “bala de prata” com efeito imediato, a lista de possibilid­ades inclui corte no imposto de importação do biodiesel e mudança na composição dos combustíve­is comerciali­zados na bomba. Algumas podem ser adotadas pelo próprio Executivo, sem necessidad­e de aval do Congresso.

RENDA

Diante da insatisfaç­ão dos servidores públicos com o reajuste de 5% oferecido pelo governo federal, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (17) que lamenta a perda do poder aquisitivo do funcionali­smo e prometeu uma recuperaçã­o “em breve”. Bolsonaro não falou em reajuste salarial, mas disse que haverá melhora no poder aquisitivo, em especial para a Polícia Rodoviária Federal.

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Isac Nóbrega/PR Na semana passada, a Petrobras anunciou aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas refinarias, o que provocou irritação por parte do presidente Jair Bolsonaro

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