ONU é alertada sobre ameaça ‘sem precedentes’ a cortes brasileiras
Na decisão, Toffoli afirmou que “os fatos descritos na ‘notícia-crime’ não trazem indícios de materialidade delitiva”
ações golpistas em relação ao sistema eleitoral brasileiro, enquanto ministros do TSE e do Supremo deram respostas duras às ilações do chefe do Executivo.
As ofensivas de Bolsonaro contra Moraes, no campo político e jurídico, devem continuar, segundo o entorno do presidente. Em especial, porque isso agrega sua base de apoiadores e funciona como cortina de fumaça para problemas que o governo não tem conseguido contornar, como a alta inflação.
De acordo com o entorno do chefe do Executivo, ele deve seguir afrontando Moraes “dentro das quatro linhas da Constituição”, como gosta de dizer o próprio presidente. Por isso, segundo um interlocutor, que ele não publicou em suas redes sociais, nem seus filhos, como de hábito. (Colaborou Rafael Machado/Reportagem Local)
O relator especial para a Independência de Juízes e Advogados da ONU, Diego Garcia, recebeu na noite de terça-feira (17) um documento em que cerca de 80 professores e juristas brasileiros alertam para “uma campanha sem precedentes de desconfiança e ameaças” contra cortes superiores no país.
O texto afirma que a independência judicial no Brasil enfrenta desafios não vistos desde a redemocratização pós-ditadura militar (19641985). Diz, ainda, que as eleições deste ano e a continuidade democrática estão ameaçadas diante dos ataques promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
O ofício foi elaborado pelo Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais no Brasil (Demos), integrado por pesquisadores do direito e da ciência política como Emílio Peluso Neder Meyer, Clara Iglesias Keller, Estefânia Maria de Queiroz Barboza e Diego Werneck Arguelhes.
“Bolsonaro tem investido fortemente para deslegitimar as eleições. Ele tem afirmado repetidamente - sem nunca fornecer nenhuma evidência -que o sistema de votação eletrônica que o país adotou nos anos 1990 está aberto à manipulação deliberada”, afirmam os pesquisadores.
“Aqueles que acreditam que a democracia no Brasil está suficientemente garantida e protegida e que as instituições estão perfeitamente funcionando estão enganados. Não é exatamente fácil ver quando a linha entre democracia e ditadura foi atravessada, e o Brasil pode estar cruzando essa linha nos próximos meses”, seguem.
O documento pede à ONU que realize uma visita oficial ao Brasil para mapear os ataques à independência judicial e ouvir magistrados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal), além de membros da sociedade civil. E solicita que sejam cobradas explicações do governo brasileiro.
A iniciativa ainda é apoiada por 28 entidades e grupos de pesquisa, como o Washington Brazil Office, o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (Laut) e o Laboratório de Estudos de Segurança e Defesa daUFRJ.