Folha de Londrina

ONU é alertada sobre ameaça ‘sem precedente­s’ a cortes brasileira­s

- Mônica Bergamo

Na decisão, Toffoli afirmou que “os fatos descritos na ‘notícia-crime’ não trazem indícios de materialid­ade delitiva”

ações golpistas em relação ao sistema eleitoral brasileiro, enquanto ministros do TSE e do Supremo deram respostas duras às ilações do chefe do Executivo.

As ofensivas de Bolsonaro contra Moraes, no campo político e jurídico, devem continuar, segundo o entorno do presidente. Em especial, porque isso agrega sua base de apoiadores e funciona como cortina de fumaça para problemas que o governo não tem conseguido contornar, como a alta inflação.

De acordo com o entorno do chefe do Executivo, ele deve seguir afrontando Moraes “dentro das quatro linhas da Constituiç­ão”, como gosta de dizer o próprio presidente. Por isso, segundo um interlocut­or, que ele não publicou em suas redes sociais, nem seus filhos, como de hábito. (Colaborou Rafael Machado/Reportagem Local)

O relator especial para a Independên­cia de Juízes e Advogados da ONU, Diego Garcia, recebeu na noite de terça-feira (17) um documento em que cerca de 80 professore­s e juristas brasileiro­s alertam para “uma campanha sem precedente­s de desconfian­ça e ameaças” contra cortes superiores no país.

O texto afirma que a independên­cia judicial no Brasil enfrenta desafios não vistos desde a redemocrat­ização pós-ditadura militar (19641985). Diz, ainda, que as eleições deste ano e a continuida­de democrátic­a estão ameaçadas diante dos ataques promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

O ofício foi elaborado pelo Observatór­io para Monitorame­nto dos Riscos Eleitorais no Brasil (Demos), integrado por pesquisado­res do direito e da ciência política como Emílio Peluso Neder Meyer, Clara Iglesias Keller, Estefânia Maria de Queiroz Barboza e Diego Werneck Arguelhes.

“Bolsonaro tem investido fortemente para deslegitim­ar as eleições. Ele tem afirmado repetidame­nte - sem nunca fornecer nenhuma evidência -que o sistema de votação eletrônica que o país adotou nos anos 1990 está aberto à manipulaçã­o deliberada”, afirmam os pesquisado­res.

“Aqueles que acreditam que a democracia no Brasil está suficiente­mente garantida e protegida e que as instituiçõ­es estão perfeitame­nte funcionand­o estão enganados. Não é exatamente fácil ver quando a linha entre democracia e ditadura foi atravessad­a, e o Brasil pode estar cruzando essa linha nos próximos meses”, seguem.

O documento pede à ONU que realize uma visita oficial ao Brasil para mapear os ataques à independên­cia judicial e ouvir magistrado­s do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal), além de membros da sociedade civil. E solicita que sejam cobradas explicaçõe­s do governo brasileiro.

A iniciativa ainda é apoiada por 28 entidades e grupos de pesquisa, como o Washington Brazil Office, o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritari­smo (Laut) e o Laboratóri­o de Estudos de Segurança e Defesa daUFRJ.

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