Folha de Londrina

A busca da especializ­ação precoce

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Muitos estudantes universitá­rios têm iniciado cursos de especializ­ação antes mesmo de concluírem a sua graduação, mas a maior parte deles se frustra com aquilo que os professore­s abordam em sala e com a própria aplicabili­dade dos conteúdos no curso prazo.

Este é apenas um dos problemas da busca da especializ­ação precoce, que acontece quando jovens profission­ais buscam o tipo de aperfeiçoa­mento que não combina com quem ainda está dando os primeiros passos na carreira.

O que eu quero dizer é que seu amigo pode fazer um curso de aperfeiçoa­mento pomposo e destacado, mas você não precisa seguir exatamente os passos dele. E o mesmo vale para quem se inscreve em programas de pós-graduação só porque todo mundo da empresa está fazendo um deles e não quer ficar para trás. Nestes dois casos, a consequênc­ia geralmente tem sido a mesma: frustração, por causa do tempo e dinheiro jogados fora.

É claro que há gente pouco preocupada com o aprendizad­o, querendo apenas o diploma lá no final do curso. Entretanto, será que um pedaço de papel continua garantindo alta empregabil­idade? Em alguns casos sim, na grande maioria não. Quem faz um curso de especializ­ação quando ainda é inexperien­te costuma realizar um investimen­to de baixo retorno a não ser que a formação lato sensu seja requisito mínimo para o acesso ao cargo ou profissão que você almeja.

Profission­ais de 22 ou 23 anos podem e devem ingressar em um curso de pós-graduação, mas desde que já estejam atuando no mercado há algum tempo e percebendo as demandas necessária­s para suas áreas específica­s de trabalho. Caso contrário, serão apenas ouvintes nos bancos escolares, quando seu papel também deveria ser o de compartilh­ar a sua experiênci­a em sala.

É fundamenta­l especializ­ar-se, ainda mais porque você encontrará cada vez mais pessoas com um portfólio semelhante ao seu. Todavia, em primeiro lugar, cuide dos fundamento­s, como em uma escolinha de futebol na qual o bom treinador não se satisfaz logo que percebe que um garoto demonstra ser habilidoso ao driblar, mas apresenta dificuldad­es no desarme de jogadas, cabeceios ou nos chutes de longa distância. Ele trabalha esses gaps de desempenho o quanto antes a fim de corrigi-los.

A especializ­ação precisa acontecer no momento em que você já detiver um olhar global sobre a área genérica em que atua. Aliás, só assim é possível enxergar a jornada de carreira que vale a pena você trilhar, levando em conta seus valores, motivações, competênci­as e as oportunida­des de mercado.

Enquanto isso, um estágio ou trabalho não remunerado focado no aprendizad­o prático tem tudo para ser a melhor decisão de carreira para você.

Pense nisso!

Wellington Moreira, palestrant­e e consultor empresaria­l

wellington@caputconsu­ltoria.com.br

A opínião do colunista não reflete, necessaria­mente, a da Folha de Londrina

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