Folha de Londrina

Câmara pode voltar a discutir ‘homeschool­ing’ em Londrina

Vereadores analisam hoje (24) recurso contra decisão da Comissão de Justiça que brecou trâmite; um dos autores do projeto admite que aplicação do modelo depende de aval no Senado

- Rafael Machado

A Câmara Municipal vota nesta terça-feira (24) recurso apresentad­o pelos autores do projeto que institui o homeschool­ing, ou ensino domiciliar, em Londrina. Os sete vereadores querem derrubar o parecer da CJ (Comissão de Justiça e Legislação), que rejeitou a proposta no final de março.

O grupo negou por unanimidad­e o texto e se ancorou na opinião da assessoria jurídica do Legislativ­o. O órgão disse que o tema só pode ser tratado pelo governo federal. Esse tipo de ensino já é pauta do Congresso Nacional.

Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto relatado pela deputada Luísa Canziani (PSD-PR).

Os autores da proposta afirmam que “o Município possui competênci­a legislativ­a para deliberar sobre o assunto, conforme diz a Constituiç­ão”. Em entrevista à FOLHA, o vereador Giovani Mattos (PSC), defensor e um dos responsáve­is pela ideia de implantar o homeschool­ing em Londrina, disse que o debate precisa ser ampliado.

“Temos que entender o que de fato é o ensino domiciliar. Não vejo como algo polêmico, mas apenas um projeto que fala sobre liberdade. Acho importante oua vir famílias que ensinam seus filhos dessa forma, seja na sessão ou em uma reunião pública”, comentou.

Porém, Mattos admitiu que a aplicação do homeschool­ing na prática na cidade não terá viabilidad­e enquanto o Senado não votar o projeto. “Se não resolver lá em Brasília, não vai funcionar plenamente aqui”, explicou.

VOTAÇÃO

São necessário­s 13 votos favoráveis dos 19 parlamenta­res para que o recurso seja aceito e o projeto volte a tramitar. Se isso acontecer, ele ainda vai ser analisado por outras comissões, como a Educação, Cultura e Desporto, antes de ir a plenário.

“Estou confiante que o posicionam­ento unânime da CJ será derrubado. Os vereadores já estão se movimentad­o pra isso”, observou Giovani Mattos. Além dele, Santão (PSC), Jessicão (PP), Sônia Gimenez (PSB), Emanoel Gomes (Republican­os), Roberto Fu (PDT) e Mara Boca Aberta (PROS) assinam o texto.

COMO FOI ATÉ AGORA

O grupo protocolou o projeto na Câmara de Londrina em novembro de 2021, pouco mais de um mês depois de o governador Ratinho Jr. (PSD) ter sancionado lei que autorizava o homeschool­ing no Paraná.

Em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Paraná invalidou a legislação por acreditar que ela é inconstitu­cional. O governo optou em não recorrer.

A secretária municipal de

Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, justificou ao Legislativ­o que “como não há uma legislação federal que indique a execução do assunto na esfera municipal de ensino, não há a possibilid­ade de discussão sobre a chamada educação domiciliar”.

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Devanir Parra/CML Projeto que implanta ensino domiciliar na cidade foi barrado na Comissão de Justiça após análise do Jurídico da Câmara

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