Folha de Londrina

Prefeitura abre processo contra empresa que terceiriza médicos

Contratada não estaria disponibil­izando pediatras conforme previsto em edital

- Pedro Marconi

A pedido da secretaria municipal de Saúde, um processo administra­tivo foi aberto contra a empresa contratada no início deste mês para fornecer horas médicas de pediatria para o PAI (Pronto Atendiment­o Infantil). O vínculo emergencia­l foi visto como uma saída para acabar com o “furo” nas escalas de profission­ais, o que há meses tem gerado reclamação das famílias que procuram a unidade em razão da longa espera por atendiment­o. Entretanto, na avaliação do município, a contratada não prestou os serviços conforme foi acordado.

Na solicitaçã­o de processo de penalidade encaminhad­a à secretaria de Gestão Pública, que a reportagem teve acesso, a pasta argumenta que das 1.098 horas possíveis em maio, a empresa teria indicado médicos para um total de apenas 48 horas até o dia 17 de maio. “O não cumpriment­o do total das horas contratada­s/solicitada­s repercute no aumento da fila de espera e, consequent­emente, no tempo de espera para atendiment­os médico, uma vez que escala permanece com vagas em aberto”, sustentou o poder público.

Segundo a prefeitura, a empresa foi contratada para fornecer até 1.920 horas de pediatras por mês, totalizand­o até 11.520 horas ao longo de seis meses, ao custo de R$ 135 a hora trabalhada. “Tomamos as medidas contratuai­s cabíveis. Fizemos a notificaçã­o, após a notificaçã­o houve manifestaç­ão da empresa e encaminham­os à secretaria de Gestão Pública para abrir o processo de penalidade, que vai correr dentro do que preconiza a lei. O objetivo é que consigamos esses profission­ais para o PAI”, afirmou Felippe Machado, secretário municipal de Saúde.

Entre as penalidade­s previstas no edital estão multa – que varia de acordo com o que foi descumprid­o – e até a rescisão do contrato. “É uma das possibilid­ades (romper o contrato) dentro do processo de penalidade”, reforçou. O município tem outro contrato para fornecimen­to de médicos para o Pronto Atendiment­o Infantil por meio do Cismepar (Consórcio Intermunic­ipal de Saúde do Médio Paranapane­ma).

DEFESA

Em nota, a Aviva Gestão de Serviços Médicos declarou que solicitou ao Fundo Municipal de Saúde a adequação das estruturas e gestão do PAI, “diante da rejeição dos médicos em atuar no local”. Entre as dificuldad­es que estariam sendo encontrada­s no lugar a empresa elencou a “triagem inadequada, falta de segurança, condições de trabalho e de produtivid­ade dos profission­ais concursado­s, ausência de sistema eletrônico de prontuário e demora de atendiment­o da regulagem do Samu”. Recentemen­te, agentes da GM (Guarda Municipal) passaram a fazer a segurança do lugar de maneira fixa.

Também no texto enviado à FOLHA, a empresa informou que deu 48 horas de prazo que vence no início da semana que vem - para que o município resolva as demandas na unidade, sob possibilid­ade de pedir a rescisão do contrato. “É de conhecimen­to público que o Brasil todo está com alta demanda de atendiment­o pediátrico para síndromes gripais.

Em Londrina o caso se agrava, pois, há falta destes profission­ais também nas UBS. Quando eram para atuar 25 profission­ais, há apenas 12, por parte do município. A consequênc­ia disso é a sobrecarga no PAI, gerando condições precárias de atendiment­o e trabalho que fora notificado ao município”, alegou.

ATENDIMENT­O PREJUDICAD­O

Na manhã desta sexta-feira (27), a escala de médicos que atendiam no Pronto Atendiment­o Infantil estava completa, com cinco especialis­tas. “Cheguei por volta das 9h, estão chamando o número 33 e estou perto dos 50. Hoje até que está tranquilo, mas já teve dia recente que esperei mais de sete horas para conseguir atendiment­o para a minha filha”, relatou uma mãe.

O secretário municipal de Saúde defendeu o serviço do PAI e disse que o problema da pediatria em Londrina é amplo. “O PAI é o único lugar que tem pediatra. A dificuldad­e é dos hospitais em conseguir manter a escala de pediatras, de modo que possa auxiliar o PAI, que minimament­e tem deixado de cinco a seis pediatras à disposição da população. Entretanto, sendo o único local que atende pediatria, não só em Londrina, mas em toda a região, existe uma sobrecarga natural”, elencou.

Machado ainda ressaltou que a unidade – que é de atendiment­o intermediá­rio tem registrado uma quantidade consideráv­el de crianças internadas e na sala de emergência, o que prejudica o pronto-atendiment­o. “Estamos fazendo uma análise de pediatria equivocada. O problema é o PAI ter que atender toda a demanda que não é sua complexida­de. Melhoramos a cobertura da escala do PAI, porém, o PAI sozinho não vai resolver o problema da pediatria”, pontuou.

“O objetivo é que consigamos esses profission­ais para o PAI”

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Pedro Marconi A empresa foi contratada para fornecer até 1.920 horas de pediatras por mês, totalizand­o até 11.520 horas ao longo de seis meses, ao custo de R$ 135 a hora trabalhada
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