Alto índice ainda está relacionado a um contexto sociocultural
A enfermeira Keli Tomeleri, do HU de Londrina (Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná), afirmou que no Paraná há uma assistência bem estruturada às gestantes, com acesso e cuidado integralizado, e isso seria o diferencial do Estado em relação às outras unidades da Federação em relação à cobertura pré-natal. “Isso é o que chamamos de linha guia de atenção materno-infantil. Essa linha engloba algumas ações para garantir o acesso da paciente aos serviços de saúde e dar uma atenção integral de qualidade às mulheres no período gravídico puerperal e também engloba as crianças”, aponta.
Ela explica que no Paraná há a captação precoce da gestante no pré-natal, sendo realizada a estratificação de risco da gestação, se é habitual, intermediária ou de alto risco. “A gente preconiza um mínimo de sete consultas e também garante exames e atendimento especializado quando ela apresentar risco intermediário ou alto”, relata, acrescentando que a vinculação deste instante ao hospital de referência permite que a gestante receba orientação e atenção ao pré-natal, ao planejamento sexual e reprodutivo e ao atendimento do recém-nascido.
ASSISTÊNCIA HUMANIZADA
Com relação ao parto cesárea, a profissional afirma que o o alto índice ainda está relacionado a um contexto sociocultural que envolve muitos fatores. Uma das situações é que ainda há um modelo predominante de atenção ao parto centrado principalmente na figura do médico. “É algo que nós estamos tentando transformar na chamada assistência humanizada ao parto, que não está relacionada ao local onde ocorre ou se ele é vaginal ou cesáreo, mas está associado à categoria de assistência que a mulher recebe, em que as decisões delas são compartilhadas e as escolhas delas são ouvidas e respeitadas”, detalhou. “A assistência ao parto deve ser oferecida por uma equipe multiprofissional, incluindo o médico, a enfermeira obstetra, a fisioterapeuta, a psicóloga e tem a presença da doula também.”
Ela reforçou que a cesárea deve ser indicada quando há riscos reais para a gestante ou ao feto. “A gente não é contra a cesárea, mas, na maioria das vezes, ela não tem uma indicação concreta e real de ser realizada.”