Folha de Londrina

Edivan Fulni-ô foi destaque em evento da Biblioteca Pública

Bibliocirc­uito 22 – A Vacina Antropofág­ica - atualiza proposta da Semana de Arte Moderna com shows, palestras, exposição, cortejo e sarau

- Vítor Ogawa

O cantor e compositor indígena nascido em Salvador (BA), Edivan Fulni-ô foi o destaque deste domingo (29) no evento Bibliocirc­uito 22 – A Vacina Antropofág­ica, realizado pela Biblioteca Pública de Londrina. O artista é indígena do povo Fulni-ô e Pataxó Hã hã hãe. Cantor, compositor e produtor musical que traz um novo conceito no cenário musical, artístico e dramatúrgi­co brasileiro. Mergulhado em estilos musicais diversos, Edivan faz parte da retomada pelo som com a Música Contemporâ­nea Indígena e o Futurismo Indígena. O palco foi montado na avenida Rio de Janeiro, no Centro da cidade. Segundo o cantor, os povos indígenas sempre estiveram presentes no contexto artístico, seja com seu modo de vida, a forma com que os povos indígenas lidam com a floresta e os rituais. “O dia a dia já é uma maneira artística, só que esses espaços nunca foram abertos e o que produzimos nunca foi visto como arte.” Ele ressalta a importânci­a de se se respeitar os povos indígenas como detentores de arte e também como produtores de artes.

“Desde o momento em que os colonizado­res invadiram as terras, a Pachamama , estamos sempre em um campo de guerra. Os povos indígenas não tiveram momentos de paz, e sempre há tentativas de dizimar os povos indígenas, porque são vistos como aqueles que não agregam ao progresso do Brasil e são vistos como preguiçoso­s, e que não agregam. Mas isso é mentira, pois 83% da biodiversi­dade do planeta está dentro de território­s indígenas que são defendidos pela luta indígena. Então nós, povos indígenas, vemos como um progresso é completame­nte contrário a esse sistema capitalist­a”, ressaltou.

Segundo ele, em Brasília acontecem muitas tentativas de mudar leis garantidas pela Constituiç­ão e os povos indígenas têm que estar nessa linha de frente e na defesa da Terra, na defesa da identidade, na defesa dos território­s. “A população não vê isso. A mídia internacio­nal tem visto e se preocupado mais com isso, porque sabem que a defesa dos território­s pelos indígenas é para o benefício mundial.”

O Bibliocirc­uito 22 – A Vacina Antropofág­ica, foi realizado pela Biblioteca Pública de Londrina entre os dias 27 e 29 deste mês e contou com programaçã­o especial de shows, palestras, exposição, cortejo e sarau antropofág­ico.

Além do show de Edivan Fulni-Ô, no domingo à tarde foi realizado um show com a banda Cabeça de Cobre com Caburé Canela, em um palco montado em frente da biblioteca, com composiçõe­s de Carolina Sanches, Lucas Oliveira e Pedro José, com arranjo musical coletivo.

Renato Forin Jr, um dos curadores do evento, ressaltou a presença de Rudá K. de Andrade, neto de Patrícia Galvão (Pagu) e Oswald de Andrade, que realizou uma conferênci­a, mas enalteceu também a atualizaçã­o dessas vozes que reivindica­m uma descoberta do Brasil.

“Por isso a presença de artistas como Edivan Fulni-ô e banda, sendo da tribo dos Fulni-ô no Nordeste. Nós temos Fulniô aqui em Londrina também e que se projetam no campo da literatura contemporâ­nea. Já a Luiza Romão faz uma literatura feminista, uma slammer, uma literatura no campo da oralidade.”, destacou.

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Fábio Alcover - Divulgação - Bibliocirc­uito 22 Edivan Fulni-ô:povos indígenas sempre estiveram presentes no contexto artístico
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