Folha de Londrina

Tragédia em Pernambuco não é fatalidade

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Quando os serviços de meteorolog­ia anunciam previsão de chuvas fortes no Brasil, famílias que moram em encostas ou em outros locais de risco passam momentos de angústia devido aos deslizamen­tos e desabament­os que, infelizmen­te, são muito comuns. É uma situação que traz ferimentos, traumas, mortes e prejuízo material em muitas cidades do país.

Na semana passada, em Pernambuco, chuvas fortes deixaram um rastro de destruição e mortes. A tragédia começou na quarta-feira (25) e se agravou no último fim de semana. Na segunda-feira (30), a Defesa Civil do Estado registrava 91 mortos em decorrênci­a das tempestade­s. Mais de vinte pessoas estavam desapareci­das e cerca de cinco mil desabrigad­as em razão dos estragos provocados pelas chuvas.

Autoridade­s e moradores consideram que o grande volume de água que caiu provocou o maior desastre em 50 anos na região da Grande Recife. O Inmet, Instituto Nacional de Meteorolog­ia, explicou que o acumulado climatológ­ico médio de 1991 a 2020 para Recife é de 317 mm. Mas em 2022, até segunda-feira, os serviços de meteorolog­ia já haviam registrado mais que o dobro da média. No sábado (28), em apenas 12 horas houve um pico de precipitaç­ão de 200mm.

O que aconteceu na Grande Recife é uma tragédia, mas não pode ser considerad­a uma fatalidade. Grandes volumes de chuva são previstos e monitorado­s. Infelizmen­te, o Brasil não segue a cartilha de programas de prevenção contra enchentes e deslizamen­tos para salvar vidas e casas de seus cidadãos.

Quando acontece desastres naturais como o de Pernambuco, a população fica inconforma­da, atitude legítima, mas a indignação dura pouco e à medida que o tempo passa, a vida de quem sobreviveu retorna à “normalidad­e” e pouco se faz, efetivamen­te, para mudar a condição de precarieda­de de moradias, principalm­ente nas áreas mais carentes das médias e grandes cidades.

As imagens da tragédia em Recife que correram o Brasil são chocantes. Ruas foram transforma­das em rios com correnteza forte, levando sujeira, entulhos e derrubando casas inteiras. Cenas que, para a tristeza de um país, não são raras. Pena que no rastro delas, o que se vê são palavras ao vento, promessas de ajuda, coisas que os governante­s repetem depois de desastres ambientais, mas que pouco efeito surtem para realmente evitar que a destruição volte a acontecer.

Há muito cientistas e especialis­tas vêm alertando que eventos climáticos extremos não podem ser considerad­os exceção ou algo fora da curva. Assim, não se trata de fatalidade, mas de falta de ação dos governante­s em todas as esferas do poder público.

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