Feijão-carioca, o preferido do brasileiro, está mais caro e escasso
Setor produtor já vê uma migração do consumo para outras variedades, principalmente para o feijão preto, que está entre 60% a 70% mais em conta
São Paulo - A oferta de feijão-carioca, o tipo preferido do consumidor brasileiro, está menor em 2022, e os preços, mais altos. Com isso, o setor produtor já vê uma migração do consumo para outras variedades, principalmente para o feijão preto.
A relação de preço entre os dois tipos mais consumidos já mudou. Tradicionalmente, o feijão-preto custa cerca de 85% do feijão-carioca. Agora, está variando entre 60% e 70%, diz Marcelo Lüder, presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses).
Para ele, o brasileiro vai ter que “desapegar” da preferência - o setor produtor calcula que o carioca ocupe 60% do consumo no país. Enquanto esse tipo está custando acima de R$ 10, o preto ainda pode ser achado no varejo por R$ 6 ou R$ 7 no pacote de 1 quilo.
O momento de preços elevados pega o consumidor já apertado pela alta generalizada de preços - a inflação acumulada até abril, de 12,13%, é a maior desde outubro de 2003.
A prévia da inflação oficial de maio, o IPCA-15 calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que o feijão-carioca já subiu 14,58% apenas de janeiro a maio deste ano. Em 12 meses, a leguminosa acumula alta de 21,5%.
Para Lüder, não vai chegar a faltar feijão-carioca para o consumidor, mas o produto estará mais caro, o que obrigatoriamente aumentará o consumo de outros tipos.
O consumidor que não abre mão do tipo carioca deve perceber um alívio nos preços em agosto e setembro. A janela de abastecimento virá do escoamento da terceira e última safra do ano.
A folga, porém, não deve durar muito. A terceira safra do ciclo 2021/2022 chega com a menor área plantada dos últimos dez anos e respondendo principalmente pelo grão cultivado sob irrigação. Nesse modelo mais controlado de plantio, a produtividade cresce e qualidade do grão também, mas os custos subiram, puxado principalmente pelo custo da energia elétrica.Passada a janela da terceira safra, os preços devem seguir rumo a novos picos a partir de outubro.