Conselho Tutelar é furtado pela 7ª vez em seis meses
Celular levado era utilizado para receber denúncias e solicitações de atendimentos
A sede do Conselho Tutelar do Centro, na rua Belém, foi furtada pela sétima vez desde novembro do ano passado. Foram levados entre 30 e 50 cartõestransportes, que eram utilizados por conselheiras tutelares no dia a dia de atendimentos. Outro objeto furtado foi um celular, que era utilizado para receber ligações do plantão. “Era um telefone muito utilizado. Recebemos cerca de 200 ligações por mês nesse número, entre denúncias e atendimentos, já que ele ficava ligado das 8 às 18 horas. Era um telefone muito utilizado por nós”, relatou a conselheira tutelar Márcia Moura.
O Conselho Tutelar do Centro atende não só a região central, mas partes da zona norte e sul. “É um telefone que faz falta, porque se a gente tiver de fazer uma visita na rua, agora ficaremos sem o telefone. A gente precisa daquele aparelho para tudo. Ali armazenávamos e-mails e imagens, ou seja, não é só o prejuízo de perder o objeto material, mas também de perder a privacidade das crianças que são vítimas, já que muitas imagens e denúncias estão naquele telefone. E tudo o que a gente tira foto de reunião está naquele aparelho”, expôs.
“A gente fez um boletim de ocorrência e encaminhou para a Secretaria de Assistência Social, mas o prejuízo é de um estranho entrar em um lugar que tem sigilo. Com tanta visita de vândalos vai acabar o sigilo dos casos que a gente atende”, afirmou Moura.
Para entrar na sede, o autor do crime removeu duas telhas acima da cozinha do imóvel, que não possui laje de concreto. Dessa forma foi fácil acessar um alçapão instalado no forro de madeira. “Antigamente entravam por outro ponto, mas depois que o local ficou bem fechado, eles não estão conseguindo entrar por lá, mas passaram a entrar pelo alçapão da cozinha”, declarou. Segundo Moura, este é o sétimo episódio de furto que o local sofre.
O Conselho Tutelar é o órgão responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes em situação de risco. A sede do centro está instalada no mesmo local há 30 anos, no entanto, o imóvel aparenta ser mais antigo, da década de 1940 ou 1950. O piso é de peroba-rosa e o muro da divisa com um terreno baldio é de tijolo maciço. A conselheira descartou que a pessoa tenha tido o trabalho de pular o muro, que possui proteção com arame farpado. “O muro da fachada é muito baixo. Qualquer pessoa pode entrar por ali“, ressaltou a conselheira.
Quem quiser fazer denúncia ou precisar de atendimento do Conselho Tutelar pode acionar as outras sedes regionais. Os telefones de contato estão no site https://portal.londrina.pr.gov.br/conselhos-tutelares-remunerados?showall=1 Outra maneira de acionar os conselhos é pelo telefone geral 125. Caso a pessoa queira acionar o Conselho Tutelar do Centro, pode fazer isso pessoalmente ou pelo telefone fixo 3378-0374.
Procurada pela reportagem, a secretária de Assistência Social, Jaqueline Micali, afirmou que segurança púbica é responsabilidade da Polícia Militar e não da Assistência Social e que não iria se pronunciar.
O comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Nelson Villa, afirmou que quem é responsável pelos furtos é quem pratica o crime. “Lamentavelmente a secretária se exime das responsabilidades sobre os mocós que comportam os semteto, o que aumenta a probabilidade da prática de furtos. Quando ela fala da responsabilidade, quem cuida dos próprios públicos é a Guarda Municipal, ou seja, é a Prefeitura de Londrina. A PM adota todas as medidas possíveis para evitar que esses furtos voltem a acontecer. Não se deve atribuir a responsabilidade a uma corporação que ela mal conhece. Cada macaco no seu galho.”
O secretário de Defesa Social, Pedro Ramos, responsável pela Guarda Municipal, afirmou que a pasta tem a responsabilidade compartilhada com a PM e a Secretaria de Assistência Social.
“Aquele prédio precisa de correções. Na Secretaria de Defesa Social todos os prédios passam por um processo chamado Plano de Segurança de Instalação, em que um guarda vai ao local com o gestor do prédio e faz um levantamento dos aspectos de segurança. Ali são feitos apontamentos de medidas de curto, médio e longo prazo para facilitar o trabalho prestado pela Guarda Municipal. Dentre essas medidas, temos poda de árvores, melhoria de iluminação, instalação de alarme e de câmeras de monitoramento. Nós fizemos esse plano para aquele prédio, mas até hoje não obtivemos nenhum retorno em relação a essas orientações. Cada pasta elenca suas prioridades”, ressaltou Ramos.
Londrina tem 400 prédios públicos para serem patrulhados. Para isso, aponta Ramos, seria necessário um efetivo de 3 mil guardas municipais e hoje a pasta tem apenas 310. O monitoramento é feito também por meio de alarmes e câmeras de vídeo. O secretário disse que nem o concurso que será realizado em breve, que prevê a contratação de mais 35 guardas municipais, será capaz de suprir as necessidades da pasta.