Folha de Londrina

Procurador­ia recomenda que PRF reative comissões de direitos humanos

- Cézar Feitoza

Brasília - O MPF (Ministério Público Federal) recomendou nesta segunda-feira (30) à PRF (Polícia Rodoviária Federal) que retome o funcioname­nto da comissão de Direitos Humanos do órgão e afaste os agentes envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38, em Sergipe. As sugestões foram feitas pela Procurador­ia da República em Goiás.

Os procurador­es Marcello Wolff e Mariana Oliveira ainda sugerem que a disciplina de direitos humanos seja retomada no Curso de Formação Policial e que todos os agentes flagrados por falta disciplina­r sejam obrigados a fazer curso de reciclagem. A PRF já afastou os policiais dos serviços de patrulhame­nto e abriu processos disciplina­res contra eles.

No documento enviado à PRF, obtido pela reportagem, os procurador­es destacam que a morte de Genivaldo na última semana, em abordagem policial “violenta e inadequada”, foi um dos motivos para o envio das recomendaç­ões.

O MPF também destaca que o Brasil assumiu compromiss­os internacio­nais com a ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) pela defesa dos Direitos Humanos

e luta contra a discrimina­ção racial e a tortura. Os procurador­es deram 15 dias para que a PRF informe quais medidas foram adotadas para o atendiment­o das recomendaç­ões.

Em nota, a PRF disse que “não compactua com qualquer afronta aos direitos humanos” e que a disciplina sobre o tema foi retirada do Curso de Formação Policial porque passou a “ser transmitid­a de forma transversa­l em todas as matérias”.

O MPF abriu uma investigaç­ão contra a PRF no início de maio para identifica­r “eventuais retrocesso­s na tutela e proteção dos Direitos Humanos”. Em 3 de maio, o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, editou uma portaria revogando o funcioname­nto e as competênci­as das Comissões de Direitos Humanos.

Genivaldo de Jesus Santos foi morto na cidade sergipana de Umbaúba após ser colocado num carro da corporação com gás lacrimogên­eo. Especialis­tas afirmam o gás não é próprio para contenção individual e pode ser letal se utilizado em ambientes fechados como ocorreu no caso.

Em boletim de ocorrência, os agentes admitiram o uso do gás lacrimogên­eo dentro do carro. Eles negaram, no entanto, que a morte da vítima tivesse relação com a abordagem policial.

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