Folha de Londrina

Ministra do CNJ suspende processo contra juíza de Londrina

- Rafael Machado

A corregedor­a nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura, suspendeu por até três meses o procedimen­to aberto no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra a juíza Isabele Papafanura­kis Ferreira Noronha, de Londrina, pela participaç­ão por manifestaç­ões antidemocr­áticas de 7 de setembro do ano passado em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão é do dia 24 de maio.

A ministra interrompe­u a tramitação até que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) conclua o processo administra­tivo disciplina­r, o chamado PAD, do mesmo caso. A investigaç­ão começou em março deste ano. Os desembarga­dores optaram em não afastar a magistrada londrinens­e do cargo. Ela atua na Vara da Infância e Juventude, mas trabalhou muitos anos na Vara Maria da Penha.

Depois que o TJ encerrar os trabalhos, o resultado, seja ele qual for, deverá ser encaminhad­o ao CNJ, incluindo cópia da decisão e a ata de julgamento. A conduta da juíza está sendo apurada por suposta violação da Lei Orgânica da Magistratu­ra Nacional e também do Código de Ética da Magistratu­ra Nacional.

A participaç­ão de Isabele Noronha nos atos de 7 de setembro pode ter desrespeit­ado “o dever do magistrado pelo respeito à Constituiç­ão da República e às leis do país”, “a proibição de participar de atividades político-partidária­s” e a obrigação “de comportar-se na vida privada de modo a dignificaç­ão da função, ciente de que o exercício da função impõe restrições e exigências diferentes dos cidadãos em geral”.

A FOLHA procurou a juíza para comentar a suspensão do processo, mas ela disse que não tinha “nada a declarar”. As assessoria­s de imprensa do TJ e do CNJ também foram contatadas, mas não respondera­m.

APURAÇÃO

A apuração foi iniciada depois da revelação feita pelo jornalista José Maschio, que publicou em suas redes sociais uma foto da juíza ao lado de manifestan­tes vestidos de verde e amarelo segurando um cartaz escrito “Supremo é o povo”.

Isabele foi até a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência por calúnia e difamação contra Maschio. O profission­al acabou sendo indiciado pelo delegado Jayme José de Souza Filho, do 5º Distrito Policial. De acordo com o advogado do profission­al de imprensa, João dos Santos Gomes Filho, o caso foi enviado ao Ministério Público, que não decidiu se vai oferecer denúncia.

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