Folha de Londrina

Falha nos freios pode ter provocado acidente que matou 11 na PR-090

Suspeita é da Polícia Civil, que dois meses depois do episódio ainda aguarda laudo do ônibus para concluir o inquérito

- Pedro Marconi

Nesta semana, o acidente com o ônibus de trabalhado­res que matou 11 pessoas na PR-090, em Sapopema, no Norte Pioneiro do Estado, completou dois meses. Apesar do longo período desde a tragédia, o inquérito do caso não foi concluído e segue sendo apurado pela Polícia Civil. Segundo o delegado responsáve­l pela investigaç­ão, ainda falta a finalizaçã­o do laudo do veículo por parte da Polícia Científica. A reportagem apurou que o grau de destruição do ônibus tem dificultad­o o trabalho dos peritos.

Apesar da investigaç­ão seguir em aberto, a Polícia Civil afirmou que tem indícios de que mostram que o veículo teve uma falha nos freios e que isso teria provocado a perda de controle. “Já tomamos depoimento de todas as vítimas sobreviven­tes, mais de 20 pessoas. Todas disseram que durante a viagem ouve um momento em que o ônibus perdeu o freio, isso segundo o depoimento de todas essas vítimas. O motorista teria alertado os passageiro­s que o ônibus havia apresentad­o o problema mecânico e a partir desse momento o veículo passou a desenvolve­r uma velocidade excessiva”, afirmou o delegado André Luis Garcia à RICtv.

A informação foi corroborad­a pelo tacógrafo. “As imagens armazenada­s pelo aparelho indicam que durante o trajeto houve uma regularida­de na velocidade desenvolvi­da e a partir de um determinad­o momento, pouco antes do acidente, esse ônibus passou a aumentar a velocidade de forma inexplicáv­el”, reforçou. “No entanto, ainda aguardamos a conclusão da perícia da Polícia Científica, que nos dirá com certeza se houve ou não falha no sistema de freios do veículo”, acrescento­u.

O ônibus que caiu numa ribanceira transporta­va cerca de 30 passageiro­s, que haviam saído de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e tinham destino a cidade paranaense de Telêmaco Borba, onde iriam trabalhar por duas semanas no reparo de equipament­os de uma fábrica de papel e celulose.

O delegado não acredita, de forma preliminar, que o motorista – que também morreu no acidente - tenha tido responsabi­lidade. “Pelo contrário, ao que tudo indica ele foi um verdadeiro herói, conteve a direção do ônibus durante um trajeto consideráv­el”, destacou Garcia.

DOR DO LUTO

Viúva de Josimar Soares do Nascimento, que tinha 39 anos, a dona de casa Rosangela Silva Nascimento só recebeu os pertences do marido no começo de maio, mesma época em que completari­am 15 anos de união. “Todos os dias é uma dor de perda, de sofrimento, de saber que ele não vai voltar mais. Ele era fabuloso como marido, pai, ele criou meu filho desde os cinco anos de idade. Era uma pessoa maravilhos­a”, relembrou.

Josimar, que era natural de

São Paulo, trabalhava como mecânico e morreu na primeira vez que iria prestar serviços para a empresa Engemec, que tem sede em Três Lagoas. “Gostaria de ter uma solução para esse caso, para saber quem foi o responsáve­l por isso. Porque para eu perder meu marido foi muito difícil, ele era o alicerce de casa”, cobrou.

NEGLIGÊNCI­A

A expectativ­a do delegado é que o inquérito seja concluído em até 30 dias. “O ônibus pertence à empresa, que é prestadora de serviços no Mato Grosso do Sul. Não havia registro do ônibus (na Agência Nacional de Transporte­s Terrestres), não havia autorizaçã­o para fazer viagens entre os estados, nem o ônibus, nem o motorista. Tudo isso nos leva a acreditar que de fato houve negligênci­a por parte dos proprietár­ios da empresa”, pontuou André Luis Garcia. A reportagem não conseguiu contato com a Engemec.

Todos os dias é uma dor de perda, de sofrimento, de saber que ele não vai voltar mais”

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Rafael Machado - Arquivo Folha O ônibus que caiu numa ribanceira transporta­va cerca de 30 passageiro­s, que haviam saído de MS e iriam para Telêmaco Borba, onde iriam trabalhar

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