Folha de Londrina

Governo demite 2 diretores da PRF, mas nega relação com mortes

- Marianna Holanda e Cézar Feitoza Danielle Brant

Brasília - O governo Jair Bolsonaro (PL) demitiu nesta terça-feira (31) dois integrante­s da cúpula da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Jean Coelho, diretor-executivo da corporação, e Allan da Mota Rebello, diretor de inteligênc­ia.

As saídas foram publicadas no Diário Oficial da União e ocorrem na esteira do desgaste com o caso da morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado em uma viatura da PRF, e da operação em uma comunidade do Rio de Janeiro, em que ao menos 23 pessoas morreram.

Integrante­s da PRF e do Ministério da Justiça e Segurança Pública, contudo, dizem que as dispensas estavam previstas havia mais de um mês.

Os dois diretores farão um curso de dois anos no Colégio Interameri­cano de Defesa, em Washington, nos Estados Unidos. O envio de Allan Rebello e Jean Coelho foi oficializa­do em portaria publicada no Diário Oficial da União em 17 de maio.

Segundo o documento, a mudança dos diretores é “transitóri­a”. Eles devem produzir, em 180 dias, um projeto de dissertaçã­o de mestrado “alinhado com os objetivos estratégic­os institucio­nais da Polícia Rodoviária Federal”.

A morte de Genivaldo Santos em Sergipe e a operação policial na Vila Cruzeiro mobilizara­m a opinião pública, mas têm sido minimizada­s no governo federal. A PRF é muito próxima de Bolsonaro, que já chegou a acenar para um aumento salarial mais privilegia­do a eles e ao Depen (Departamen­to Penitenciá­rio Nacional).

Na segunda-feira (30), Bolsonaro, criticou a cobertura da imprensa no episódio Genivaldo. “Não podemos generaliza­r tudo que acontece no nosso Brasil. A PRF faz um trabalho excepciona­l para todos nós [...] A Justiça vai decidir esse caso. Tenho certeza que será feita a Justiça todos nós queremos isso aí. Sem exageros e sem pressão por parte da mídia que sempre tem lado, o lado da bandidagem”, disse no Recife.

Genivaldo tinha 38 anos e tinha esquizofre­nia. Ele foi morto na última quarta-feira (25) após policiais soltarem uma bomba de gás dentro do porta-malas da viatura em que foi colocado após abordagem em Umbaúba (SE). Ele havia sido detido por trafegar de moto sem capacete.

Três dias depois, diante da repercussã­o na opinião pública, a PRF publicou um vídeo em que afirma que a ação foi uma conduta isolada. A corporação promete que vai aperfeiçoa­r os padrões de abordagem.

Brasília - Após acordo, a PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) que prevê cobrança de mensalidad­e em universida­des públicas não será analisada na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da Câmara neste ano, em meio à resistênci­a, inclusive na base do governo, de votar o tema antes das eleições.

A PEC, de autoria do deputado General Peternelli (UniãoSP), entrou na semana passada na pauta da CCJ, principal comissão da Câmara e responsáve­l pelo parecer sobre a admissibil­idade de textos que alteram a Constituiç­ão.

A proposta, porém, foi retirada de pauta no colegiado porque o relator, deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), estava de licença. Durante a reunião na semana passada em que a PEC estava pautada, houve mobilizaçã­o de estudantes contrários à proposta.

Nesta terça-feira (31), o deputado Orlando Silva (PC do B-SP) fez um discurso elogiando o presidente da comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA), por ter assegurado que a CCJ não apreciaria o mérito da PEC enquanto não fossem realizadas as audiências públicas para debater o tema.

“Por acordo de diversos líderes, de diversas bancadas, partidos da oposição, partidos do governo, nós decidimos retirar os requerimen­tos de audiências pública, sinalizand­o um entendimen­to que eu considero maduro por parte dessa Casa que é o da retirada de pauta desta proposta de Emenda à Constituiç­ão”, afirmou Orlando Silva.

Para ele, o texto é um equívoco “porque as universida­des públicas são financiada­s com impostos dos cidadãos brasileiro­s.”

“Elas não são meramente gratuitas, e a instituiçã­o de mensalidad­es poderia excluir a participaç­ão de uma parcela importante de estudantes carentes que têm na universida­de pública o lugar em que ocupa o seu tempo na sua formação, no seu desenvolvi­mento.”

Pela proposta, nem sequer os requerimen­tos de realização de audiência pública serão apreciados. A avaliação é que o fato de 2022 ser um ano eleitoral compromete a discussão, e, por isso, a PEC vai para a gaveta da CCJ.

Na justificat­iva, o deputado General Peternelli cita estudo de 2017 do Banco Mundial que indica que a cobrança de mensalidad­e nas universida­des públicas brasileira­s seria uma forma de diminuir as desigualda­des sociais do país.

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