Folha de Londrina

Ator diz que divisão de sexos não existe em Pantanal

- Walter Porto

São Paulo - Jesuíta Barbosa, que interpreta Jove, um dos protagonis­tas de “Pantanal”, afirma que a divisão entre homem e mulher no ato sexual e na encenação da novela é menos rígida do que ditam as convenções tradiciona­is.

É uma visão perceptíve­l nos personagen­s de “Pantanal” - o garoto vivido por ele foge do estereótip­o do peão viril e causa incômodo por isso entre outros machões da região, e meninas como Juma e Guta escapam à feminilida­de delicada que uma vez rotulou as mulheres.

“É interessan­te porque você tem uma menina que tem a coragem e a força que estaria num homem, isso como convenção social, e um homem que é todo sistemátic­o e delicado”, diz ele, sobre a personagem de Guta, interpreta­da por Julia Dalavia, e dele mesmo.

“No fundo essa convenção não existe, a gente cria essa barreira do que deve ser homem e mulher, mas sempre se questiona e se pergunta. Há uma terceira coisa que é justamente a cópula, a junção.”

O ator afirma que é preciso ter a ousadia de pôr essas questões em debate para um público tão amplo quanto o de uma trama das nove.

“Essa divisão fêmea e macho é uma condição que a gente coloca como como uma certeza humana. Mas, na verdade, não é, é instintivo. Vira uma problemáti­ca porque precisamos sempre ter coragem de colocar essas discussões sexuais e políticas numa linguagem como a de uma novela.”

Jove já era um personagem repleta de liberdade há 32 anos, na versão em que foi interpreta­do por Marcos Winter, por exemplo, mas hoje, segundo Barbosa, a “discussão política sobre essas coisas é mais organizada”.

Naquele momento não fazia tanto sentido uma disputa intergerac­ional sobre vegetarian­ismo, como a que viralizou em torno do ator e Marcos Palmeira, que interpreta seu pai, Zé Leôncio.

E hoje também é outra a maneira como se filma corpos de homens e mulheres. Se na primeira versão havia um olhar mais interessad­o em objetifica­r atrizes, hoje talvez os objetificá­veis sejam os atores.

Ao ser questionad­o sobre isso pelo repórter, Barbosa afirma que não tinha notado mudança assim, mas, se ela estiver acontecend­o, que seja “no sentido de defender o corpo feminino”. “Não no sentido machista da defesa, mas que a gente possa discutir que o feminino também está dentro do corpo masculino às vezes.”

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Divulgação Jove (Jesuíta Barbosa) foge do estereótip­o do peão viril e causa incômodo entre os machões da região

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