Pós-graduação da UEL titula primeiro doutor haitiano
Marc Donald Jean Baptiste defendeu a tese que aborda a identidade das crianças haitianas no Brasil na sua relação entre escola pública e suas famílias de origem
Marc Donald Jean Baptiste é o primeiro doutor haitiano titulado na UEL (Universidade Estadual de Londrina), por meio do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social. Na segunda-feira, em sessão pública no Google Meet, na presença de docentes, estudantes, amigos e familiares, ele defendeu a tese que aborda a identidade das crianças haitianas no Brasil na sua relação entre escola pública e suas famílias de origem, tendo como objetivo identificar e analisar as influências do ambiente escolar e familiar sobre a formação identitária dos ti dyaspora haitianos no Brasil.
“Foi um trabalho muito emocionante para mim, considerando minha história como imigrante que está refletindo sobre imigração. É uma pesquisa que envolve muita lembrança e saudade. Às vezes, eu me colocava no lugar dessas pessoas que eu estava pesquisando”, declara Marc, que ficou emocionado ao receber o título de doutor com a tese “Cadê o Haiti? O processo de formação identitária dos ti dyaspora haitianos na relação entre a escola e suas famílias no Brasil”. “Foi um sentimento de missão cumprida e uma forma de abertura também para todos os imigrantes poderem entrar naquele programa”, afirmou ele.
Sob orientação do professor Wagner Roberto do Amaral, do Departamento de Serviço Social, a pesquisa foi de natureza qualitativa e teve sua metodologia dividida em revisão bibliográfica, levantamento documental e pesquisa de campo.
A banca examinadora, presidida por Amaral, também foi composta pelas professoras da Andrea Pires da Rocha, do Departamento de Serviço Social, e Leila Sollberger Jeolás, do de Ciências Sociais, além da professora Milena Fernandes Barroso, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e do professor
“Foi um trabalho muito emocionante para mim, considerando minha história como imigrante”, afirma
Marc Donald Jean Baptiste
Handerson Joseph, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), também haitiano atuando na docência e pesquisa no Brasil.
Amaral é orientador de Marc desde o mestrado. “É um orgulho enorme ter vivenciado a experiência como orientador, mas principalmente como companheiro de estudos e pesquisa do Marc. Tenho
certeza que ele segue seu percurso acadêmico para o pós-doutorado, seja aqui ou em outros países.”
FORMADO NO HAITI
Formado em Serviço Social pela Université d’Etat do Haiti, Marc migrou para o Brasil em 2016, para fazer o mestrado em Serviço Social e Política Social da UEL, por meio de um programa da OEA (Organização dos Estados Americanos) e do GCUB (Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras). Durante o mestrado e doutorado, foi bolsista da Capes.
No mestrado, ele pesquisou sobre as compreensões dos imigrantes haitianos acerca das políticas sociais brasileiras. A partir da convivência com outros imigrantes haitianos, surgiu o tema da pesquisa do doutorado. “Participei de várias atividades com imigrantes haitianos e descobri que muitos deles começaram a ter filhos aqui e os filhos não falam muito bem a língua nativa, que é o criolo, então, eu comecei a questionar sobre as identidades dessas crianças.”
Marc ainda não sabe se irá permanecer no Brasil, mas uma de suas perspectivas é fazer um pós-doutorado no Canadá, na França ou em outro país. (Com informações da Agência UEL)