Folha de Londrina

PSDB apoia Tebet, mas tucanos temem traições e embates estaduais

Ala ligada a Aécio Neves (PSDB-MG) defende candidatur­a própria do partido; nome mais provável para ser vice da pré-candidata do MDB é o do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)

- Julia Chaib

A executiva do PSDB aprovou ontem (9) uma aliança com o MDB para apoiar o nome da senadora Simone Tebet (MDBMS) na eleição para a Presidênci­a da República deste ano, mas tucanos já preveem traições e disputas em estados.

Com a decisão da executiva, o PSDB terá a vaga de vice na chapa da pré-candidata ao Palácio do Planalto. O nome mais provável para disputar ao lado da parlamenta­r é o do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A indicação do vice, porém, não foi debatida no encontro dos tucanos desta quinta. Embora Tasso tenha dito publicamen­te não querer ocupar a vaga, em conversas privadas diz aceitar integrar a chapa caso seja a vontade da maioria do partido.

A opção do PSDB por apoiar a senadora emedebista ocorre após a desistênci­a do ex-governador João Doria (PSDB-SP) de disputar o Planalto.

“[Vamos] Fortalecer esse palanque nacional de quebra da polarizaçã­o”, disse Bruno Araújo, presidente do PSDB, após a reunião.

Dos 34 membros da executiva, 31 votaram a favor da aliança com Tebet. Houve um voto contra, do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), e uma abstenção, do ex-deputado Nelson Marchezan (RS).

Durante a reunião, além de Aécio, uma ala defendeu que os tucanos lançassem um candidato próprio à Presidênci­a da República.

Os pré-candidatos aos governos de Minas Gerais e Goiás, o deputado Marcus Pestana e o exgovernad­or Marconi Perillo, participar­am do encontro e acompanhar­am a posição de Aécio. No entanto, eles não têm voto na executiva.

Marchezan também defendeu um nome do PSDB na disputa ao Planalto. O ex-senador José Aníbal, por sua vez, pregou que o ideal seria os tucanos terem um candidato, mas optou por votar a favor de Tebet.

PROTAGONIS­MO EM XEQUE

Aécio alega que o PSDB não pode perder protagonis­mo na disputa presidenci­al e deixar a liderança do processo para o MDB.

Derrotado na reunião executiva desta quinta, o deputado mineiro avalia que o apoio a Tebet antecipará o movimento de “voto útil”, de clima de “segundo turno” no partido.

“Eu temo que o apoio a Tebet não tenha correspond­ência na base real do PSDB, que hoje se divide entre Lula e Bolsonaro”, disse o parlamenta­r, ex-presidente do PSDB.

Aécio também reclama que em diversos estados o MDB e o PSDB são adversário­s. Ele citou o caso de Pernambuco e Mato Grosso do Sul, em que os emedebista­s não se compromete­ram a apoiar os tucanos.

No Mato Grosso do Sul, o ex-secretário Eduardo Riedel (PSDB) será candidato à sucessão do governador tucano Reinaldo Azambuja e pode apoiar Bolsonaro.

Nem no Rio Grande do Sul já está selada a aliança em torno do nome de Eduardo Leite (PSDBRS), que indicou topar disputar o governo, mas ainda não anunciou.

A perspectiv­a é que, dependendo do desempenho de Tebet nas pesquisas, o debate sobre a candidatur­a volte durante a convenção do partido, momento em que a aliança e a indicação do vice são oficializa­das. Até lá, aumentará a pressão para que Tebet cresça nas pesquisas de intenção de votos. A senadora é cobrada cobrada a melhorar seu desempenho tanto por PSDB como pelo próprio partido, o MDB.

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Waldemir Barreto/Agência Senado Um dos desafios da chapa de Simone Tebet é contornar situação em estados onde MDB e PSDB são adversário­s, como PE e MS

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