Folha de Londrina

Londrina ganha Banco de Resíduos Têxteis

Modelo de negócio socioambie­ntal visa a destinação correta para oito mil toneladas de resíduos descartado­s a cada ano no aterro sanitário

- Micaela Orikasa

Após 10 anos de estudos, pesquisado­res da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) chegaram a um modelo de negócio socioambie­ntal que será implantado em Londrina ainda neste mês. O BRT (Banco de Resíduos Têxteis) é um sistema de logística reversa de resíduos têxteis pós-consumo (roupas) e pós-industriai­s com objetivo de minimizar os impactos ambientais no aterro de Londrina.

A cada ano, são descartada­s mais de oito mil toneladas de resíduos têxteis no aterro sanitário da cidade. “O setor têxtil ainda não é contemplad­o na política nacional de resíduos sólidos. Esse é um projeto pioneiro no País porque tratamos a logística reversa desses materiais. Para se ter uma ideia, o setor de vestuário, que compreende a moda em geral, ocupa o segundo lugar em impacto ambiental no planeta”, diz a pesquisado­ra Suzana Barreto Martins.

O projeto de pesquisa “Logística Reversa de Resíduos Têxteis Industriai­s e Pós Consumo: design aplicado a sistemas e serviços sustentáve­is e modelos de negócios” é uma iniciativa do grupo DESIn (Design, Sustentabi­lidade e Inovação), liderado por Martins e pelo pesquisado­r Claudio Pereira de Sampaio, do Departamen­to de Design.

A ideia principal é agregar valor a esses materiais que iriam para o aterro. Para isso, estão envolvidos vários atores no sistema. As roupas e tecidos em geral poderão ser descartado­s em dez pontos de coleta na cidade e a Cooper Região (Cooperativ­a de catadores de materiais reciclávei­s e resíduos sólidos da região metropolit­ana de Londrina) também separará esses resíduos que se ‘misturam’ diariament­e na coleta seletiva.

COOPER REGIÃO

No espaço da cooperativ­a, na Vila Marízia (região central), os tecidos serão desfibrado­s em um maquinário (que será entregue em breve), para que se torne novamente fio e volte para a cadeia produtiva. Segundo Martins, os fios poderão ser comerciali­zados pela cooperativ­a para terem uma nova utilização.

“Os cooperados terão mais um produto para agregar valor e que poderão ser usados em outros segmentos como no design de interiores para a criação de puffs e almofadas, ou na construção civil, servindo de matéria-prima para o desenvolvi­mento de placas de isolamento térmico e acústico, em substituiç­ão à lã de vidro”, afirma.

DO JEANS ÀS BOLSAS

As graduandas do 4º ano de Design de Moda da UEL, Ana Julia Pinheiro e Fernanda Massi, estão à frente da marca Core, que surgiu há cerca de um ano. É resultado do empreendim­ento social chamado “Ateliê Criativo”, a partir do projeto do BRT. “Estamos terminando o desenvolvi­mento dos produtos com resíduos de jeans e daremos início às vendas, pelas redes sociais, tanto para pessoa física quanto para empresas”, conta Massi.

Os produtos são para uso pessoal, como ecobags, necessarie­s, porta notebook; e para decoração, como chachepôs para vasos de plantas e jogos americanos. De acordo com Massi, uma ecobag pode recuperar cerca de 200 gramas de resíduo têxtil.

“Ambas iniciativa­s mostram o potencial de promover a economia circular em vários setores, a partir desses resíduos. Eu, como estudante de moda, tenho um incentivo muito grande ao ver que essas ideias funcionam e podem sair do papel”, ressalta.

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Arquivo Pessoal O setor de vestuário, que compreende a moda em geral, ocupa o segundo lugar em impacto ambiental no planeta

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