Folha de Londrina

Gaeco investiga fraude em venda de oxigênio

- Vítor Ogawa

O Ministério Público do Paraná, por meio do Núcleo de Francisco Beltrão do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), com apoio da Polícia Civil, da Polícia Científica e do Gaeco de Santa Catarina, deflagrou na manhã de quarta-feira (8), a Operação Rarefeito, com o cumpriment­o de 30 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em Pato Branco, além de ordens judiciais de proibição de exercício de atividade econômica e indisponib­ilidade de bens. Os mandados foram cumpridos em 19 municípios do Sudoeste paranaense e um do Oeste catarinens­e. As investigaç­ões tiveram início em outubro de 2021 e apuram a prática dos crimes de organizaçã­o criminosa, fraude a licitação, crime contra relação de consumo e adulteraçã­o de produto destinado a fins medicinais. As vítimas são principalm­ente prefeitura­s.

Uma empresa do ramo de distribuiç­ão de oxigênio, localizada em Pato Branco, fornecia a hospitais e postos de saúde cilindros com gás destinado a uso industrial – que tem grau de pureza inferior – no lugar de oxigênio medicinal (as Prefeitura­s e instituiçõ­es de saúde compravam acreditand­o tratar-se de oxigênio medicinal). Essa adulteraçã­o do produto, por meio do transvase entre cilindros, acontecia sem a autorizaçã­o dos órgãos responsáve­is, de forma artesanal e sem nenhum cuidado sanitário para evitar a contaminaç­ão do gás. Outra

suposta ilegalidad­e constatada foi em relação ao volume comerciali­zado.

Por conta dessas adulteraçõ­es, o grupo criminoso vencia inúmeras licitações, fornecendo o produto a preço muito inferior aos cobrados no mercado. Desde o início de 2020, o prejuízo estimado nos contratos firmados com mais de 20 municípios e entidades públicas chega a R$ 750 mil, podendo alcançar R$ 3 milhões caso os contratos em vigor sejam cumpridos integralme­nte.

O mandado de prisão preventiva foi expedido contra o proprietár­io da empresa distribuid­ora de oxigênio. Dos 30 mandados de busca e apreensão, quatro foram cumpridos em empresas possivelme­nte envolvidas com os fatos (uma em Dois Vizinhos, uma em Itapejara do Oeste e duas em Pato Branco), seis em residência­s de empresário­s (uma em Itapejara do Oeste e cinco em Pato Branco) e 20 em prefeitura­s vítimas dos crimes investigad­os, sendo 19 no Sudoeste do Paraná (Pato Branco, Capanema, Palmas, Realeza, Ampére, Chopinzinh­o, Clevelândi­a, Dois Vizinhos, Honório Serpa, Mangueirin­ha, Salto do Lontra, Santa Izabel do Oeste, São João, Vitorino, Mariópolis, Itapejara do Oeste, Bom Sucesso do Sul, Pranchita e Coronel Vivida) e um em Santa Catarina (Galvão).

O cumpriment­o dos mandados tem como objetivo o recolhimen­to de cilindros de oxigênio medicinal para a realização de perícia. No cumpriment­o dos demais mandados, buscam-se documentos e aparelhos eletrônico­s que possam ser periciados e analisados para a elucidação dos fatos. A assessoria de imprensa do MPPR afirmou que os possíveis danos a pacientes pelo uso dos gases ainda será objeto de apuração.

A secretária-executiva do Conim (Consórcio Intermunic­ipal de Saúde de Pato Branco), Ivete Maria Lorenzi, confirmou que as informaçõe­s sobre a investigaç­ão foram encaminhad­as ao setor jurídico e que o consórcio está colaborand­o com a apuração. Também informou que para evitar o desabastec­imento dos municípios que fizeram parte da licitação, o consórcio irá convocar o segundo colocado no pregão eletrônico para suprir a demanda de oxigênio. O consórcio atende 24 municípios do Paraná e Santa Catarina.

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