Folha de Londrina

CEI do transporte público deve ser ‘engavetada’ na Câmara

- (G.M.)

A presidente da Comissão de Transporte­s na Câmara Municipal, vereadora Mara Boca Aberta (Pros), não angariou votos suficiente­s para conseguir abrir uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) com o objetivo de apurar supostas irregulari­dades e falta de cumpriment­o de parte do contrato do transporte coletivo entre o município e as duas concession­árias que operam o serviço na cidade. Além dela, assinaram o documento digital apenas Roberto Fú (PDT), Claudemir dos Santos, o Santão (PSC), e Jessica Moreno, Jessicão (PP), que foi a relatora do colegiado. Os quatro formam o bloco que tem feito oposição mais sistemátic­a ao prefeito Marcelo Belinati (PP) na Casa.

Assim, até o inicio da noite de ontem (14) apenas quatro dos 19 vereadores assinaram o pedido, mas para apresentar a proposta em plenário eram necessário­s no mínimo sete votos.

Os vereadores Giovani Mattos (PSC) e Beto Cambará (PODE), que participar­am da comissão, também não corroborar­am com um dos apontament­os feitos pelo relatório apresentad­o há duas semanas. Além dos sete votos, o pedido teria ainda que seguir para análise jurídica e depois seriam precisos ao menos 10 votos em plenário para abertura da CEI, mas agora deverá ser engavetado.

O trabalho de investigaç­ão iniciado pela Comissão dos Transporte­s apontou suposta falta de justificat­iva para os R$ 20 milhões repassados pela prefeitura às empresas de ônibus em 2021. A comissão ainda diz que as empresas não possuem controle do número de usuários isentos, e que o projeto de subsídio de R$ 25 milhões aprovado no início deste ano também não teria justificat­iva. Os argumentos foram rebatidos pelo presidente da CMTU, Marcelo Cortez, que alega que as mudanças feitas para reequilíbr­io tiveram aval do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e foram feitas para manutenção do serviço diante da crise de queda de passageiro­s acentuada na pandemia. O gestor ainda disse que o município não pagou pelas gratuidade­s e que o relatório do número de isentos continua em análise.

Para Mara Boca Aberta, os contratos deveriam passar por uma auditoria mais severa por meio da CEI para confrontar dados. “Nós temos base para essa investigaç­ão. Foi um trabalho de mais de 5 mil páginas e pedidos de respostas da CMTU que não foram a contento como no subsídio e na transparên­cia do contrato”, disse, sobre linhas suprimidas e da renovação da frota. Sobre a falta de votos, a vereadora apontou que os demais parlamenta­res formam uma base governista pró- Belinati. “Eles não querem se compromete­r ou estão envolvidos com candidatur­a a deputado e não com interesse real da cidade.”

O líder do prefeito na Câmara, Fernando Madureira (PTB), afirmou que o relatório apresentad­o pela Comissão contém dados distorcido­s. “O relatório não é só insuficien­te para uma CEI, como incoerente e distorcido.” Segundo ele, não foi feito pela gestão Belinati (PP) qualquer trabalho para tentar barrar o pedido de CEI na Casa. “Ouvimos aqui na Casa o prefeito, o Marcelo Cortez, e eles respondera­m tudo de forma clara. O que foi colocado no papel (pela Comissão) foi outra coisa.”

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