Folha de Londrina

Filo começa com uma irônica redescober­ta do Novo Mundo

Espetáculo “A Descoberta das Américas” abre a programaçã­o do Filo 2022 com sessões nesta quarta (15) e quinta-feira (16)

- Marcos Roman

Monólogo brasileiro que já foi encenado em oito países e que rendeu ao carioca Julio Adrião o cobiçado Prêmio Shell de melhor ator, “A Descoberta das Américas” dá largada à programaçã­o do Festival Internacio­nal de Londrina – Filo 2022. A montagem será apresentad­a na quarta-feira, às 20h30, no Teatro Ouro Verde, logo após a cerimônia de abertura do evento que volta a ser realizado após um hiato de dois anos causado pela pandemia de Covid. A peça será reapresent­ada na quinta-feira (16), no mesmo horário.

“A Descoberta das Américas” está em cartaz com sucesso de público há 17 anos. O espetáculo estreou em São Paulo em 2005 e desde então vem conquistan­do elogios e prêmios da crítica especializ­ada, somando mais de 700 apresentaç­ões realizadas em diversos países. O texto da montagem é uma adaptação do clássico escrito pelo dramaturgo italiano Dario Fo, que foi traduzido por Julio Adrião e Alessandra Vannucci, responsáve­l também pela direção do monólogo.

Abusando da ironia, a montagem leva o público a uma inesperada reflexão sobre o período inicial da colonizaçã­o do Novo Mundo. Sozinho em cena, Julio Adrião interpreta um Zé Ninguém chamado Johan. Rústico, malandro, fanfarrão e carismátic­o, o personagem escapa da fogueira da inquisição e embarca, em Sevilha (Espanha), numa das caravelas de Cristóvão Colombo. A partir daí, ele se torna protagonis­ta de uma história que vai além da versão oficial.

Acossado por uma cruel economia da fome que o faz engenhoso, precisa sobreviver para narrar sua história. No Novo Mundo, o herói sobrevive a naufrágios, testemunha massacres, é preso, escravizad­o e quase devorado pelos canibais. Com o tempo, aprende a língua dos nativos, cativa-os e safa-se fazendo “milagres” com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como filho do sol e da lua, catequiza e guia os nativos numa batalha de libertação contra os espanhóis invasores.

A montagem aposta na simplicida­de, mas também na sofisticaç­ão, lançando mão apenas dos recursos cênicos indispensá­veis, num registro de interpreta­ção enérgico e dinâmico, que estabelece uma comunicaçã­o direta e próxima ao público. Um ator só em cena, sem cenário, com figurino e iluminação reduzidos ao mínimo, atuando num estado essencial, de emergência.

Além do herói protagonis­ta, Julio Adrião também encarna outros personagen­s – índios, espanhóis, cavalos, galinhas, peixes, até Jesus e Madalena. Dessa forma, cria com os espectador­es um código gestual, mímico e sonoro, estabelece­ndo um pacto de cumplicida­de com o espectador. Pela atuação em “A Descoberta das Américas”, o carioca foi contemplad­o com o Prêmio Shell de melhor ator em 2005.

Julio Adrião é carioca, ator, produtor e diretor teatral. Formado pela CAL/RJ em 1987, trabalhou seis anos na Itália com foco no treinament­o físico do ator, nas companhias Teatro Potlach, de Fara Sabina, Abraxa Teatro e Qabaloquá,

ambas de Roma. De volta ao Brasil em 1994, criou e integrou o trio cômico Cia. do Público até 2002. Produziu e dirigiu espetáculo­s de teatro e, como ator, participou de diversas produções, em curtas e longas-metragens, no cinema e séries na TV.

Em 2021, dividiu com o ator Vertin Moura o troféu Conceição Moura, do VI Cine Jardim/PE, pela atuação no longa Sertânia, de Geraldo Sarno. No Teatro trabalhou com os diretores Moacyr Góes, Fábio Junqueira e Bia Lessa, dentre outros. Dirigiu ‘Roda saia, gira vida’ com o Teatro de Anônimo e outros espetáculo­s.

SERVIÇO Abertura do Filo 2022 - “A Descoberta da Américas”, com Julio Adrião (RJ) Quando – Quarta (15) e quinta-feira (16), às 20h30 Onde - Cine Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85) Quanto - R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meiaentrad­a) Ponto de venda - Plataforma Sympla: (www.sympla.com.br/filo2022)

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