Folha de Londrina

Câmara aprova texto-base do projeto que limita ICMS de combustíve­l e energia

- Eduardo Piovesan e Francisco Brandão

Brasília - A Câmara dos Deputados aprovou nesta terçafeira (14) à noite o texto-base do projeto sobre alíquotas de ICMS incidente em combustíve­is, energia elétrica e gás natural. O texto contém 9 de 15 emendas do Senado apresentad­as ao projeto (PLP 18/22).

O Plenário analisaria ainda na noite desta terça os destaques apresentad­os pelos partidos na tentativa de incluir ou retirar emendas em sentido contrário ao parecer do relator, deputado Elmar Nascimento (União-BA).

O projeto estabelece que haverá, até 31 de dezembro de 2022, uma compensaçã­o paga pelo governo federal aos estados pela perda de arrecadaçã­o do imposto por meio de descontos em parcelas de dívidas refinancia­das desses entes federados junto à União.

As medidas atingem ainda o ICMS cobrado sobre comunicaçõ­es e transporte coletivo.

Entre as emendas com parecer favorável estão a concessão de crédito presumido de PIS/Cofins e da Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico (Cide) incidentes sobre etanol e gasolina e que garantem a manutenção, pela União, dos níveis de investimen­to em saúde e educação previstos constituci­onalmente para estados e municípios devido à perda de arrecadaçã­o com o ICMS, principal imposto que sustentam essas despesas.

Pelo projeto, a cobrança desse tributo não poderá ser em patamares iguais aos produtos supérfluos.

REDUÇÃO DE IMPOSTOS

O autor do projeto, deputado Danilo Forte (União-CE), considerou a aprovação da proposta histórica. “A última vez que o Congresso Nacional votou uma redução de impostos foi em 2006. A agenda que construímo­s para reduzir o preço da energia e dos combustíve­is correspond­e à expectativ­a da sociedade brasileira”, afirmou.

Ele espera que o projeto ajude a retomar o desenvolvi­mento econômico e gerar emprego e renda. “O lobby construído pelos governador­es para impedir a votação já foi superado porque a vontade popular é muito maior.”

Deputados da oposição, no entanto, acusaram a proposta de ter motivações eleitorais e pediram o fim da política da Petrobras de preço de paridade de importação dos combustíve­is.

O líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), afirmou que o projeto não vai resolver de fato o problema. “O caminho mais simples era acabar com a dolarizaçã­o dos preços de derivados do petróleo”, disse. “É inaceitáve­l cobrar custos inexistent­es no processo de produção, que tem como base o real.”

O deputado Rogério Correia (PT-MG) calcula que a proposta vai gerar uma renúncia fiscal de R$ 92 bilhões de ICMS e R$ 34 bilhões de impostos federais. “É um projeto de improviso, guiado pelo desespero do presidente da República, com uma dose muito grande de demagogia”, criticou.

Correia teme que o projeto leve a um aumento da dívida pública e a uma redução de recursos para saúde e educação. “Não se assustem se, após concluirmo­s a votação, o preço do combustíve­l voltar a subir.”

FUNDEB

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) alertou que o projeto pode retirar R$ 21 bilhões da educação. Ela apoiou emendas do Senado para manter recursos no Fundeb. “Neste momento da pandemia, em que vemos preocupaçã­o com a aprendizag­em, não podemos abrir mão de um centavo sequer”, declarou.

O líder da Minoria, deputado Alencar Santana (PT-SP), também se manifestou a favor da compensaçã­o pela perda de recursos do Fundeb. “A educação e a saúde sofreram muito neste período. Seria muito cruel e injusto não garantir esta compensaçã­o no cenário de retomada depois da pandemia”, afirmou.

ARRECADAÇíO E DESONERAÇíO

O deputado Christino Aureo (PP-RJ) defendeu a desoneraçã­o de preços do consumidor. “Não temos controle sobre o câmbio e o preço do barril do petróleo. Vários países do mundo, independen­temente de ideologia, têm feito uso da desoneraçã­o para aliviar o preço dos combustíve­is.”

Ele ainda defendeu a criação de auxílio para motoristas de aplicativo, taxistas e caminhonei­ros.

Já o deputado Celso Sabino (União-PA) observou que alguns estados têm alíquotas do ICMS para gasolina e energia mais altas do que para tabaco e bebidas alcoólicas. Ele notou que os estados tiveram, em 2021, recorde de R$ 636 bilhões em arrecadaçã­o do ICMS, um cresciment­o de 22% em relação ao ano anterior. Já no primeiro quadrimest­re deste ano, houve um aumento de 13% na arrecadaçã­o do ICMS dos combustíve­is.

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