Folha de Londrina

O pedágio e o ISS dos municípios

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Sete meses depois do fim dos contratos das concession­árias de pedágio no Paraná (e a suspensão das cobranças das tarifas) ainda é grande a expectativ­a sobre como ficará o serviço quando entrar em operação o novo projeto de concessão à iniciativa privada.

O antigo modelo do Anel de Integração, que esteve em vigor até 21 de novembro do ano passado, tinha os preços considerad­os os mais caros do país.

Se o fim da cobrança das tarifas nas estradas do Paraná trouxe alívio para o bolso dos motoristas, as cidades sentiram o impacto do fim dos repasses do ISS (Imposto Sobre Serviço), pois houve redução de R$ 133,6 milhões entre as arrecadaçõ­es municipais.

A cidade no Paraná que mais recebeu ISS dos pedágios em 2021 foi Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Foram R$ 10,9 milhões. O valor representa 8% de todo o ISS arrecadado no ano.

Também nos Campos Gerais, Tibagi, de apenas 20 mil habitantes, recebeu R$ 6,1 milhões de ISS ano passado. O valor representa 6% de todo o orçamento anual da cidade.

Um motorista ouvido pela reportagem, que viajava de Curitiba a Laranjeira­s do Sul, no Centro-Oeste, contou que gastava R$ 137,40 em tarifas, ida e volta, para o trajeto de 363 km. Outro motorista entrevista­do, um caminhonei­ro que percorre todo Paraná, disse que chegava a pagar R$ 6.000 por mês com pedágios.

Segundo ele, economicam­ente, foi muito bom o fim da cobrança nesses sete meses. Mas reclamou que o serviço de conservaçã­o tem deixado a desejar, como falta de acostament­o e terceira faixa.

Há reclamaçõe­s também de estradas esburacada­s, falta de guincho, ambulância­s, sinalizaçã­o e falta de luz em praças de pedágio desativada­s.

Parlamenta­res pediram ao TCU (Tribunal de Contas da União) a revisão do edital, que prevê contratos de 30 anos, o que deve atrasar a aprovação do novo modelo em, no mínimo, dois meses.

Em nota, o DER (Departamen­to de Estradas e Rodagens)

do Paraná informou que já foram contratado­s e estão em andamento serviços de conservaçã­o e operação de tráfego, que incluem conservaçã­o, limpeza, sinalizaçã­o, inspeção, guincho e segurança viária.

O Ministério da Infraestru­tura informou, também em nota, que o projeto de concessão à iniciativa privada está em análise no TCU e que somente após a avaliação publicará o edital de licitação.

Em que pese a revisão do edital pelo TCU, é certo que haverá um novo projeto de concessão e o que se espera é que, ao contrário do modelo anterior, o futuro contrato realmente seja benéfico ao povo paranaense. Desde a sua implantaçã­o, em 1997, no governo Jaime Lerner, o pedágio se tornou uma verdadeira novela no Paraná, quando o que sempre se esperou foi que funcionass­e a tese do pedágio, simples e válida: quem usa a estrada paga um preço justo pelo ir/vir e, em contrapart­ida, aquele que recebe oferece serviços de qualidade e segurança para o usuário.

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