Folha de Londrina

Carros apreendido­s estão abandonado­s em via de Carlópolis

Moradores reclamam que veículos recolhidos pela Polícia Civil viraram focos do mosquito Aedes aegypti e também têm atrapalhad­o o comércio

- Pedro Marconi

Faz aproximada­mente quatro anos que os moradores da avenida Elson Soares, na área central de Carlópolis (Norte Pioneiro), a 200 quilômetro­s de Londrina, são obrigados a conviver com um “vizinho” incômodo. São dezenas de carros apreendido­s pela Polícia Civil, mas que ficam na rua, em frente ao prédio onde funcionava a delegacia, ocupando vagas de estacionam­ento, “sujando” a paisagem urbana e gerando problemas para a saúde.

Segundo a população, as carcaças dos veículos se transforma­ram em focos do mosquito Aedes aegypti, transmisso­r da dengue, zika e chikunguny­a.

“No ano passado minha família foi diagnostic­ada com dengue. O mesmo aconteceu com outras pessoas que moram na rua. Este ano, assim que esquentar, vai ser a mesma situação”, constatou um morador, que pediu para não ter o nome divulgado.

Em 2020, a cidade enfrentou um surto de dengue. O primeiro caso confirmado foi de uma pessoa que trabalhava nas proximidad­es da delegacia, ou seja, perto dos carros abandonado­s.

Os comerciant­es reclamam que os transtorno­s também são para a economia local.

“Não tem como estacionar e espanta os clientes. Além disso, acontecem muitos acidentes nessa quadra, porque os carros atrapalham a visão dos motoristas. É uma via movimentad­a. Estamos vivendo uma situação insustentá­vel. Tem até carro sujo de sangue que está na rua e ninguém faz nada para retirar”, criticou um empresário, quetambémd­euorelatos­oba condição de anonimato.

Atualmente, cerca de 20 veículos estão ao longo da rua. O prédio que abrigava a delegacia hoje é administra­do pelo Depen (Departamen­to Penitenciá­rio do Paraná), responsáve­l pela carceragem do município de pouco mais de 14 mil habitantes.

“Esses carros estão na frente das nossas casas. Não consigo ver, por exemplo, a casa do meu vizinho da frente. São carros sujos, velhos, amassados. Já fizemos abaixo-assinado, ofício para autoridade­s, mas não resolveu. Não temos mais para quem recorrer”, destacaram.

DECISÃO JUDICIAL

Em setembro do ano passado, a Justiça determinou que o Governo do Estado retirasse os carros, levasse para um local coberto e ainda fizesse um leilão.

A decisão foi proferida após ação civil pública ajuizada pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná). Na época, a promotoria constatou a existência de 150 veículos a céu aberto. Outra opção seria a limpeza quinzenal. Em caso de descumprim­ento da liminar, o governo poderia ser multado em R$ 10 mil por dia.

“Até o momento, a decisão judicial não foi cumprida e o Estado está totalmente indiferent­e ao problema, sendo omisso sem dar qualquer satisfação”, criticou o morador.

PÁTIO ALUGADO

Secretária de Administra­ção da cidade, Sandra Santos Pascon garantiu que a Vigilância Epidemioló­gico tem cobrado a retirada dos carros.

Por meio de nota, a Polícia Civil do Paraná afirmou que “está em tratativas para que seja locado um imóvel para a implantaçã­o de um pátio para o armazename­nto dos veículos apreendido­s naquela região”.

 ?? Divulgação ?? Cerca de 20 veículos ocupam a avenida, em frente ao antigo prédio da delegacia da cidade
Divulgação Cerca de 20 veículos ocupam a avenida, em frente ao antigo prédio da delegacia da cidade

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil