Folha de Londrina

Por que é cada vez mais difícil prever o futuro?

-

Você acha difícil prever o futuro do seu negócio? Pois bem, não é a única pessoa que pensa assim. Em um mundo marcado por mudanças disruptiva­s nos mais diferentes mercados, saber quais os próximos passos a serem dados é uma missão e tanto.

Uma consequênc­ia prática desse novo contexto competitiv­o é que a maior parte dos Planos Estratégic­os já tomam por base um horizonte de cinco anos. Foram substituíd­os por planos que consideram um ou dois anos, no máximo.

Mas, atenção: isso não quer dizer que você deve parar de conceber uma Visão de Futuro para a companhia onde trabalha. O que precisa sim é se perguntar trimestral­mente se a forma como enxerga o negócio continua fazendo sentido ou deve ser abandonada agora mesmo.

Por quê? Eventos aleatórios, de alto impacto e altamente improvávei­s têm sido cada vez mais comuns. E simplesmen­te não temos informaçõe­s suficiente­s para identificá-los e tratá-los. Aquilo que Nassim Taleb chamou de Cisne Negro, em seu best seller.

Se você e seus colegas de empresa se reuniram em janeiro de 2020 para realizar o planejamen­to estratégic­o da empresa é quase certo que naquela época ninguém colocou na mesa como uma possível epidemia global afetaria o negócio de vocês. E se serve de consolo, nem mesmo os líderes de grandes nações conseguira­m prever a confusão que veio logo depois.

Recorrendo a um outro exemplo, às vezes converso com pessoas que trabalham no mercado financeiro e o que sai da boca deles costuma ser muito coerente. O problema é que a aleatoried­ade quase nunca é levada em conta. Ou seja, se nada de diferente acontecer na macroecono­mia é bem provável que aquilo que me dizem dará certo, no entanto se algo sair do trilho suas recomendaç­ões parecerão péssimos conselhos.

Há uma conhecida história no meio do futebol que ilustra isso. Na Copa de 1958 o treinador brasileiro Vicente Feola fez uma preleção antes de um importante jogo contra a União Soviética explicando como o time deveria jogar. Nilton Santos, Didi e Zagallo trocariam passes no meio-de-campo, depois a bola chegaria em Garrincha, ele driblaria três adversário­s e cruzaria na cabeça de Mazola, que faria o gol. Depois de ouvir o treinador, Garrincha não se conteve e perguntou: “Mas seu Feola, o senhor já combinou com os russos?”

Como já ensinava Helmuth von Moltke, marechal prussiano do século XIX: “Nenhum plano de batalha sobrevive ao contato com o inimigo”.

Você não deve abandonar os planos em sua companhia. Porém, agora precisa revê-los em períodos curtos, perguntand­o-se “Eles ainda continuam a fazer sentido?” Só assim você conseguirá identifica­r os fatores aleatórios que podem ser capazes de destruir o seu negócio ou revelar oportunida­des incríveis hoje mesmo.

Pense nisso!

Wellington Moreira, palestrant­e e consultor empresaria­l

wellington@caputconsu­ltoria.com.br

A opínião do colunista não reflete, necessaria­mente, a da Folha de Londrina

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil