Presidente da Caixa deixa o cargo após denúncia de assédio sexual
Daniella Marques, braço direito do ministro Paulo Guedes (Economia), foi escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Pedro Guimarães
Brasília - O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, deixou o comando do banco estatal nesta quarta-feira (29), após ser acusado de assédio sexual por funcionárias. A saída dele do governo foi divulgada em uma carta aberta publicada em suas redes sociais.
A exoneração ainda não foi oficializada, mas deve ocorrer nas próximas horas.
Na carta, Guimarães nega as acusações e diz ser alvo de “rancor político em um ano eleitoral”.
“É com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à Caixa e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro”, diz.
Interlocutores no Palácio do Planalto diziam que a manutenção de Guimarães à frente da Caixa Econômica Federal se tornou insustentável após a divulgação das denúncias.
Uma apuração sobre o caso tramita na Procuradoria da República no Distrito Federal. O caso foi revelado pelo site Metrópoles na terça (28).
O caso ocorre em meio à tentativa do chefe do Executivo de melhorar a imagem junto ao público feminino, fatia do eleitorado em que registra um dos piores índices de intenção de votos.
Apesar disso, integrantes da campanha de Bolsonaro minimizaram o impacto que as denúncias contra Guimarães têm sobre o projeto de reeleição.
O presidente da Caixa é um dos nomes mais próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL) no governo. Está no cargo por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e ganhou a confiança do chefe do Executivo ao longo do mandato. Guimarães chegou a se colocar na disputa pela vaga de vice na chapa de Bolsonaro que disputará a reeleição neste ano.
Guimarães chegou a ser cogitado como substituto de Guedes em momentos de crise na pasta de seu padrinho no governo. Ele se aproximou do mandatário e sua família por ter uma visão de mundo similar à da família Bolsonaro.
Isso ficou claro, por exemplo, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) mandou o governo divulgar o vídeo da reunião ministerial em que o ex-ministro Sergio Moro afirmava que ficaria comprovada a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
No encontro, que ocorreu no início da pandemia da Covid19, Guimarães fez críticas ao isolamento social, que era recomendado pelo consenso da unidade científica brasileira e mundial.
Ele criticou o fato de, na época, funcionários estarem trabalhando de casa.. “Tá todo mundo em home office. Que porcaria é essa?”, disse. Também chamou a pandemia de “histeria coletiva”.
A proximidade ficou explícita em diversos eventos públicos e nas lives semanais do presidente -ele era um dos mais frequentes participantes das transmissões ao vivo de Bolsonaro nas redes sociais.
Em outro episódio, Guimarães atuou diretamente para evitar que a Fiesp publicasse um manifesto em que demonstraria preocupação com a escalada da crise entre os Poderes em meio às ameaças de Bolsonaro às vésperas do 7 de setembro do ano passado.
NOVA PRESIDENTE
O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Daniella Marques, braço direito do ministro Paulo Guedes (Economia), para presidir a Caixa Econômica Federal no lugar de Pedro Guimarães. Daniella Marques é secretária especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e vinha liderando a agenda Brasil Pra Elas, focada no público feminino -uma forma de tentar impulsionar a imagem de Bolsonaro perante esse eleitorado.