Europa promete reagir a novos ataques contra gasodutos
Kremlin criticou as suspeitas de ações deliberadas levantadas por autoridades ocidentais
São Paulo - A UE (União Europeia) disse nesta quarta (28) que os dois gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha sob o mar Báltico foram atacados e prometeu reagir. “Qualquer perturbação deliberada da infraestrutura energética europeia encontrará uma resposta unida e robusta”, disse o diplomata-chefe do bloco, Josep Borrell.
Já o Kremlin criticou as suspeitas levantadas por autoridades ocidentais, nenhuma delas em público, de que os russos estariam por trás das explosões ocorridas perto da costa dinamarquesa nos gasodutos gêmeos Nord Stream 1 e 2.
“Isso é estúpido e previsível”, disse o porta-voz Dmitri Peskov. Já sua colega do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, insinuou que os Estados Unidos poderiam estar por trás da ação ao postar no Telegram um vídeo anterior à Guerra da Ucrânia com uma entrevista do presidente Joe Biden.
Nela, o americano diz que se os russos invadissem o vizinho, “não haverá o Nord Stream 2”. O repórter insiste que não é um projeto dos EUA, e Biden retruca: “Eu te prometo, nós somos capazes de fazer isso”. Zakharova então questiona se o presidente vai agora explicar se atacou ou não os gasodutos.
É retórica, visto que Biden provavelmente falava da pressão econômica que poderia fazer por meio de sanções sobre a Alemanha, como de resto seu antecessor Donald Trump já fizera para tentar inviabilizar o projeto energético que era o xodó do governo de Angela Merkel. Mas mostra o nível de tensão da situação.
Sem especular quem teria cometido o ataque, o Ministério da Defesa da Noruega informou que irá deslocar forças navais para todas suas várias instalações de exploração de gás e petróleo no mar do Norte, próximo da região. Quase dando nome russo aos bois, o ministro letão Edgars Rinkevics (Defesa) postou no Twitter que “parece que estamos em uma nova fase da guerra híbrida”.
Borrell também não especificou quem estaria por trás das duas explosões subaquáticas no Báltico que afetaram os ramais. ONordStream1est ava operando abaixa capaci- dade pe loque oKre ml indis se ser um problema técnico e os europeus, pressão política devido às sanções pela guerra, e o seu irmão nunca chegou a ser acionado comercialmente, mas estava carregado de gás para manter o sistema pronto para ser usado.
Os governos de Suécia, Dinamarca e Alemanha afirmam que trabalham com a hipótese de sabotagem, mas são cuidadosos em não apontar culpados ainda. Estocolmo foi além, reiterando que não considera o ataque um ato contra seu país, para baixar a tensão - os suecos estão, ao lado de finlandeses, em processo de adesão à Otan (aliança militar liderada pelos EUA) devido ao conflito na Ucrânia.
“Nós vamos apoiar todas as investigações para ter clareza total do que aconteceu e por quê, e daremos passos adicionais para aumentar nossa resiliência em segurança energética”, disse Borrell em um comunicado.
O episódio eleva ainda mais os temores europeus de um inverno difícil à frente. O continente tem tentado acesso a fontes alternativas de gás, mas esse é um processo de longo prazo. Os preços já estão até dez vezes mais altos do que a média da década, e governos temem a insatisfação popular, já que as casas poderão ficar sem aquecimento, e as indústrias, sem energia.
Os EUA e a União Europeia, assim, acusam Putin de transformar o gás em arma, já que conta com a pressão para reduzir o apoio continental aos ucranianos na guerra.