Eleições no Paraná mostram falta de lideranças, diz analista
O quadro eleitoral no Paraná mostra que o Estado carece de novas lideranças políticas, avalia o analista político, doutor em Filosofia e professor da UEL Elve Cenci. Para ele, a liderança do atual governador e candidato à reeleição Ratinho Junior (PSD) nas pesquisas de intenção de voto pode estar relacionada à ausência de novos nomes e à rejeição ao ex-governador Roberto Requião (PT).
“O governo do Ratinho Junior não tem grandes desta
ques, é limitado para quem estava pleiteando a reeleição. Porém, se observarmos a Assembleia Legislativa, há quatro anos tínhamos 22 partidos, hoje temos 12. Os deputados migraram para o PSD do governador. O Requião perdeu o MDB e os deputados do PSDB foram em massa para o PSD”, diz Cenci.
O “fator Requião” pode estar por trás dessa aglutinação em torno do atual governador. “Tradicionalmente, o Requião não foi um governador com
boa interlocução com a Assembleia Legislativa. Os deputados que têm dinheiro público para financiar suas campanhas migraram para o Ratinho Junior, que fez uma boa composição, administrou conflitos e no final acabou apoiando o (Jair) Bolsonaro”, afirma Cenci. “O Requião migrou para o PT, um partido sem poder no Estado, onde o bolsonarismo é forte. Ele não apresenta novidade. Eu diria que o Ratinho foi beneficiado pelas circunstâncias”.
O cenário, na visão do analista político, é de um vazio de lideranças. “Temos um número grande de deputados que são filhos de alguém. Eles pegam o espólio da família, mas não têm protagonismo”, diz Elve Cenci. “Os políticos velhos aprendem: ‘Não crie alguém para te destruir depois’. Cada deputado importante tem um partido para chamar de seu. O fato é que as lideranças não abrem as portas para a formação de lideranças jovens”.