Folha de Londrina

Clara Crocodilo ressurge no palco nos 70 anos do Ouro Verde

Projeto circulason­s termina neste sábado (1º) com show histórico que reúne Arrigo Barnabé, Tetê Espíndola e a banda Aminoácido em Londrina

- Marcos Roman

Celebrando os 71 anos de vida de Arrigo Barnabé e as sete décadas de inauguraçã­o do Teatro Ouro Verde, a programaçã­o da 3ª edição do projeto Circulason­s será encerrada neste sábado (1º). O evento que promoveu uma semana inteira dedicada à obra do cantor e compositor londrinens­e levará ao palco uma versão inédita do repertório de “Clara Crocodilo”, seu disco de estreia. A apresentaç­ão acontece às 20 horas, no Teatro Ouro Verde e contará com arranjos da banda Aminoácido e com participaç­ões especiais da cantora Tetê Espíndola e do próprio Arrigo.

Primeiro álbum de Arrigo Barnabé, “Clara Crocodilo” foi lançado em 1980 e celebrado pela crítica como a maior novidade surgida na música popular brasileira desde a Tropicália pela fusão entre música popular urbana e música erudita contemporâ­nea. Considerad­o o marco inicial do movimento Vanguarda Paulista, o repertório do disco autoral ganhou novos arranjos na releitura que será feita em Londrina pela banda Aminoácido.

Assim que a curadora do circulason­s, Janete El Haouli, fez o convite, em 2020, a banda recebeu as partituras feitas para orquestra e iniciou os trabalhos de adequação e arranjo. Criada em 2017 a Aminoácido

é formada por Thiago Franzim (guitarra/voz), Cristiano Ramos (guitarra/voz), Lugue Henriques (baixo), Fábio Tanaka (sax/synth) e Clara Striquer (voz). O grupo mergulha no humor e no nonsense como meio de transgress­ão de gêneros musicais que você já conhece, como o rock, funk, jazz e pop.

“O Arrigo deixou muito aberto para sugerirmos versões do que a gente curte. Nossa expectativ­a está lá em cima. Estamos muito emocionado­s e honrados em fazer parte desse momento. O Arrigo e a Tetê são dois artistas, grandes ícones da música, e estar com eles tem um peso enorme para nossa carreira e trajetória”, contam os músicos Thiago Franzin

e Cristiano Ramos.

“Acho que vai ser uma coisa bem legal, porque a banda Aminoácido é espetacula­r. Estou muito contente com o que eles fizeram. Vai ser emocionant­e”, afirma Arrigo Barnabé. Além do entusiasmo com os arranjos criados pela banda londrinens­e, o homenagead­o ressalta outros elementos que tornam ainda mais emocionant­e o resgate do show que marcou sua estreia na música brasileira. Uma delas é a presença de uma antiga parceira de arte, a cantora, compositor­a e instrument­ista Tetê Espíndola. Ela fará uma participaç­ão especial, homenagean­do a obra de Arrigo Barnabé com algumas de suas valsas especiais.

“Será um momento totalmente íntimo da musicalida­de dele. Tudo começou quando o Arrigo me convidou para interpreta­r no MPB Shell em 1981, a valsa “Londrina”. A partir daí eu nunca mais deixei de cantar essa música. Eu sempre achei Londrina uma cidade muito bonita, com muito verde então agora, voltando para participar do projeto circulason­s, estou animada e muito agradecida pelo convite”, revela a cantora.

CINEMA NA MEMÓRIA

Outro ponto importante é o fato do show ser apresentad­o no palco do Teatro Ouro Verde, que foi inaugurado com Arrigo tinha apenas um ano de idade. “A primeira vez que fui ao cinema foi no Ouro Verde. Nossa tia nos levou – eu e meu irmão Marcos – para uma matinada num domingo de manhã. Quando vi o rugido do leão da Metro, saí correndo. Devia ter uns 5 anos. Lembro que era um espaço público glamouroso, muito imponente. Mas tudo com uma proporção muito humana, muito feita pra pessoa se sentir acolhida. Fico muito contente de estar acontecend­o nesse cinema essa mostra que reuniu filmes em que participei como ator ou nas trilhas sonoras”, comenta sobre a homenagem feita a sua obra pelo projeto circulason­s.

“Estou contente e muito emocionado com a homenagem. Estávamos programand­o uma comemoraçã­o no meu aniversári­o de 70 anos em 2021, mas a pandemia adiou o projeto. A Janete sugeriu aproximar as duas celebraçõe­s com este evento”, completa o compositor.

Curadora e idealizado­ra do projeto, Janete El Haouli afirma que o encontro de Arrigo, Tetê e a banda londrinens­e Aminoácido encerra a edição especial do circulason­s de forma muito especial. “Clara Crocodilo é uma obra marcante, que representa um momento muito importante da música brasileira. Espero que os ouvidos atuais estejam calibrados para a escuta. Que essa música nos toque, que nos faça refletir. A música, e essa em especial, pede uma escuta ativa, criativa e poética”, enfatiza.

A apresentaç­ão do show “Clara Clocodilo” encerra a programaçã­o da Semana Arrigo Barnabé, que teve início na segunda-feira (26) e contou com mostra de filmes, palestras, lançamento de livro e bate-papo em torno da obra do artista. “Arrigo Barnabé é um dos compositor­es mais inovadores, mais criativos, instigante­s e inventivos que temos no Brasil. E para comemorar os 70 anos do Ouro Verde, o circulason­s quis presentear Londrina, a UEL e me pareceu totalmente adequado celebrar com esta homenagem ao Arrigo”, comenta Janete El Haouli.

Criado para trazer para a cidade músicos brasileiro­s reconhecid­os internacio­nalmente, o circulason­s é uma realização da Toca Arte Ação Criação, com produção de Fabricio Polido e Janete El Haouli. O projeto já trouxe para Londrina nomes como Livia Nestrovski, Ná Ozzetti, José Miguel Wisnik, Grupo Mawaca, Egberto Gismonti, Duo Gisbranco, Badi Assad, Arnaldo Antunes, entre outros expoentes da música brasileira. Convidado do projeto em 2019, Arrigo Barnabé apresentou no Teatro Ouro Verde um show interpreta­ndo apenas músicas de Roberto Carlos.

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Tetê Espíndola, a grande intérprete da valsa “Londrina” também estará no show que traz arranjos inéditos para o repertório de Clara Crocodilo
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 ?? Gal Oppido/ Divulgação ?? Arrigo Barnabé: ““A primeira vez que fui ao cinema foi no Ouro Verde. Nossa tia nos levou – eu e meu irmão Marcos – para uma matinada, quando vi o rugido do leão da Metro, saí correndo”
Gal Oppido/ Divulgação Arrigo Barnabé: ““A primeira vez que fui ao cinema foi no Ouro Verde. Nossa tia nos levou – eu e meu irmão Marcos – para uma matinada, quando vi o rugido do leão da Metro, saí correndo”
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