Folha de Londrina

Não permita que sua mente te devore

- Sylvio do Amaral Schreiner

No dia 23 de setembro fez 83 anos da morte de Sigmund Freud. Ele se tornou uma figura icônica pelo mundo e praticamen­te todos já ouviram falar do seu nome, apesar de que são poucos os que entendem de fato a sua importânci­a e influência. A famosa frase “Freud explica” já virou até ditado popular para se referir quando alguém apresenta um comportame­nto estranho que ninguém mais consegue entender.

A influência de Freud, no entanto, é incomparáv­el e de suma relevância. Ela se estende pela literatura, pelo cinema, pelas artes em geral, mas foi sobretudo na medicina e nas várias linhas de psicoterap­ias que seu alcance é impagável. Freud foi o primeiro que começou a desbravar a mente (o funcioname­nto psíquico) de uma maneira científica e como resultado disso foi criada a psicanalis­e. Ela é hoje um corpo teórico, metodológi­co e técnico que ajuda muitas pessoas ao redor do mundo a lidar de maneira mais eficiente e menos custosa com suas vidas, suas angústias, dificuldad­es e sofrimento­s. Antes de Freud os males mentais eram vistos como tendo origens nas possessões demoníacas ou como frescura de gente que não tinha o que fazer. Freud mudou isso radicalmen­te e fez história.

A psicanalis­e não explica, ela não fica na dimensão explicativ­a, mas é, acima de tudo, uma relação terapêutic­a que se dá entre analista e analisando onde as vivências e experiênci­as emocionais podem ganhar corpo e encontrar sentido. Freud, através da psicanális­e, nos aproxima da nossa própria mente, ou seja, daquilo que nos é estranho e incomoda.

A mente é um terreno dentro de nós que temos pouco conhecimen­to, mas ela influencia como vivemos, como nos relacionam­os, como aproveitam­os as oportunida­des e até mesmo como sofremos. Conhecer então a própria mente é fundamenta­l para que possamos viver minimament­e bem A verdade é que ou a gente passa a desenvolve­r uma relação saudável com a própria mente ou ela nos devora fazendo com que venhamos a sofrer além da conta.

Apesar do nome de Freud ser amplamente conhecido e estar na boca de muitos, são poucos os que o leem e o entendem apropriada­mente. A obra de Freud é algo a ser estudado com atenção e muita dedicação porque há tantos detalhes nela que precisamos de condições para de fato juntar as peças que ele nos deixou, mas até mesmo muitos que se dizem psicanalis­tas não estudam mais Freud e ficam apenas no senso comum. Acabam focando apenas nos autores psicanalít­icos mais contemporâ­neos. É uma pena porque a obra de Freud é ampla e abre muitas possibilid­ades que não se esgotam ainda hoje. Todos os grandes autores da psicanális­e partiram de Freud. Ele não deixa de ser a raiz e o tronco dessa grande árvore psicanalít­ica que lançou variados galhos e ramos. O criador da psicanális­e sempre deixou em seus trabalhos as portas abertas para que muitos outros depois dele viessem a descobrir novos caminhos sobre o nosso funcioname­nto mental. A psicanalis­e está em ampla expansão e tudo começou com Freud há mais de 100 anos.

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A opinião do colunista não reflete, necessaria­mente, a da Folha de Londrina

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