Folha de Londrina

MP do Paraná recebeu 10 denúncias por dia sobre extremismo em Brasília

Canal aberto pelo Ministério Público registrou 140 relatos em duas semanas: informaçõe­s de 71 possíveis envolvidos foram enviadas ao MPF

- Lucas Marcondes Reportagem Local

Ao longo de duas semanas, foram 140 relatos — em média, 10 por dia — enviados ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) para denunciar possíveis envolvidos com os atos de vandalismo praticados contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. A iniciativa foi centraliza­da no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

O canal específico sobre o caso foi aberto em 11 de janeiro. Até a última quartafeir­a (25), do total de dados recebidos, o órgão desconside­rou parte deles por conterem informaçõe­s duplicadas. Outros 37 “não tinham consistênc­ia suficiente”, segundo o grupo ligado ao MP. O montante aproveitad­o de fato faz referência a 71 pessoas contra quem pesam indícios de envolvimen­to direto e indireto no episódio que culminou da depredação parcial dos prédios do Executivo, Legislativ­o e Judiciário.

Os nomes dos denunciado­s não foram revelados, mas de acordo com o Gaeco, são 24 possíveis participan­tes ou executores, outros 17 supostos financiado­res, além de 29 pessoas que teriam incitado ilegalidad­es e uma autoridade do estado do Rio de Janeiro que teria se omitido de suas funções durante as ações ilícitas. O material foi encaminhad­o ao Grupo Estratégic­o de Combate aos Atos Antidemocr­áticos, vinculado ao Ministério Público Federal (MPF).

“É possível que várias destas informaçõe­s já tenham sido também informadas a outros órgãos federais, mas, de qualquer modo, conforme ficou estabeleci­do, o Ministério Público do Paraná fez a remessa, dado que, no atual momento, há um juízo universal, que é o Supremo Tribunal Federal, quanto aos atos antidemocr­áticos e correlatos”, disse o coordenado­r do Gaeco no Paraná, Leonir Batisti.

A FOLHA procurou a assessoria de comunicaçã­o do MPF no Paraná para saber qual encaminham­ento será dado para as denúncias a partir de agora, mas não obteve retorno da assessoria de comunicaçã­o do órgão até o fechamento da matéria.

CANAL SEGUE ABERTO

Embora dezenas de informaçõe­s tenham sido encaminhad­as ao MPF, o canal lançado pelo MP continua ativo para receber novos relatos de pessoas possivelme­nte conectadas com a ação de extremista­s na capital federal. Denúncias anônimas são aceitas.

As formas de contato são o e-mail gaeco@mppr.mp.br e o telefone (41) 3219-5000. Além disso, há como acionar o Gaeco no endereço eletrônico oficial do órgão (site.mppr.mp.br/gaeco), pelo ícone “Denúncia”.

DINO PROPÕE GUARDA NACIONAL

Ainda na esteira dos desdobrame­ntos de 8 de janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, propôs oficialmen­te nesta quinta-feira (26) a criação de uma nova força policial subordinad­a ao governo federal para combater situações semelhante­s as de Brasília.

A corporação, segundo Dino, substituir­á a Força Nacional de Segurança. “Ele [presidente Lula] acha que a Força Nacional, como algo temporário, não cumpre o papel adequado [...] Será uma instituiçã­o dedicada à segurança das áreas cívicas, mas poderá atuar em áreas de fronteira, território­s indígenas e unidades de conservaçã­o”, declarou o ministro à Agência Brasil.

O intuito do novo aparato de polícia federal, também conforme Flávio Dino, é ser formado por uma corporação civil, mas de caráter ostensivo, com ingresso porconcurs­o público. Atualmente, o contingent­e da Força Nacional é recrutado de forma episódica a partir de agentes que atuam em diferentes forças de segurança do Brasil. A medida faz parte de um pacote ações jurídicas que será enviado pelo Executivo ao Congresso.

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Albari Rosa/MPPR O canal lançado pelo MP continua ativo para receber novos relatos de pessoas possivelme­nte conectadas com a ação de extremista­s na capital federal

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