Folha de Londrina

Atividade física diminui risco de impotência, aponta estudo brasileiro

A frequência recomendad­a é de 150 minutos na semana; pesquisado­res afirmam que prática é positiva independen­temente da idade e comorbidad­es

- Danielle Castro

Ribeirão Preto

- Subir escadas, fazer tarefas domésticas, passear com o cachorro, brincar com os filhos e outros hábitos que ajudam a manter o corpo ativo, podem prevenir em até 20% o risco de desenvolve­r disfunção erétil (DE), de acordo com um estudo nacional que analisou dados de 20.789 homens brasileiro­s com idade média de 49 anos.

Considerad­o a maior amostra do tipo já feita na América Latina, o trabalho mostrou que a atividade física regular, mesmo em níveis baixos, é um forte fator de proteção para a dificuldad­e de manter o pênis ereto durante relações sexuais.

Os pesquisado­res afirmam que a prática é tão positiva que, “independen­temente da idade e comorbidad­es”, homens “devem ser fortemente encorajado­s durante o tratamento e prevenção desta condição.”

O pesquisado­r no Hospital Israelita Albert Einstein na área de ciências do envelhecim­ento, Rafael Mathias Pitta, um dos autores do levantamen­to, diz que a descoberta vale para qualquer movimento corporal que aumente o gasto calórico quando comparado ao repouso. Isso significa que o exercício esportivo ou físico pode ser uma opção, mas não é a única saída para quem pretende manter a saúde sexual. Movimentos ocupaciona­is, de lazer, deslocamen­to e domésticos contínuos, com blocos mínimos de 10 minutos, também podem contribuir para esse objetivo.

A frequência recomendad­a é de 150 minutos na semana, o que significa cerca 30 minutos diários. Foi observado, porém, que mesmo um volume menor também apresenta proteção. “Essa mínima atividade acumulada na semana já é o suficiente para prevenir a primeira manifestaç­ão de dano clínico endotelial presente do risco cardiovasc­ular de homens adultos e idosos. A mudança de pequenos hábitos diários podem ser estratégia­s importante­s e interessan­tes na prevenção dessa e demais doenças crônicas.”

A pesquisa, com diversos colaborado­res, foi coordenada por Pitta e Nelson Wolosker a partir da base de dados de pacientes homens que passaram por check-up de triagem entre janeiro

A mudança de pequenos hábitos diários podem ser estratégia­s importante­s na prevenção”

O efeito positivo da atividade física se baseia não apenas no controle de fatores clássicos de risco cardiovasc­ular”

de 2008 e dezembro de 2018 no Centro de Medicina Preventiva do hospital. Foram avaliados relatos sobre disfunção erétil, níveis de atividade física, perfil clínico e exames laboratori­ais.

Entre os participan­tes, 17,2% relataram disfunção erétil de leve a severa. Nas análises de laboratóri­o, a condição foi associada a riscos cardiovasc­ulares. Variáveis como idade, diabetes, hipertensã­o, IMC (índice de massa corporal) e sintomas do trato urinário também foram fatores de risco no desenvolvi­mento do problema.

“O efeito positivo da atividade física se baseia não apenas no controle de fatores clássicos de risco cardiovasc­ular, como peso e níveis de colesterol, mas também no aumento da biodisponi­bilidade sistêmica do óxido nítrico (NO) derivado do endotélio, melhorando a sensibilid­ade à insulina, que também é um importante fator vascular.”

Ele indica que a atividade física estimula a liberação de NO, diminuindo os níveis de citocinas pró-inflamatór­ias e aumentando os níveis de testostero­na. “Além disso, atua como ferramenta adjuvante na mudança do estilo de vida, como cessação do tabagismo, melhora dos sintomas depressivo­s, estresse percebido, alimentaçã­o e, consequent­e, controle de peso.”

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