Folha de Londrina

Pacheco negocia postos para aliados de Lula na cúpula do Senado

Senador mineiro busca reeleição contra o bolsonaris­ta Rogério Marinho (PL-RN), que teria 35 votos a seu favor

- Carla Araújo, Gabriela Vinhal e Camila Turtelli

Brasília - Às vésperas da eleição à Presidênci­a do Senado, aliados do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do governo de Lula (PT) que apoiam a reeleição do senador mineiro discutem a indicação de postos para a cúpula da Casa.

Caso vença a disputa contra o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), Pacheco deve dar espaço na Mesa Diretora a partidos que integram a Esplanada do Executivo petista, como MDB e União Brasil. O PL, sigla de Bolsonaro, deve ser isolado sem ter representa­ntes no comando do Senado.

O grupo pró-Marinho atua contra o favoritism­o de Pacheco e aposta em traidores nos cálculos parciais da disputa. Já aliados de Pacheco dizem que ele sairá vitorioso e com ampla margem de 55 votos — são necessário­s ao menos 41 votos.

Para manter o mapa de apoios, Pacheco e aliados negociam a distribuiç­ão de cargos na Mesa Diretora e nas principais comissões. O UOL apurou como está desenhada, até o momento, a próxima cúpula do Senado. Mudanças, contudo, ainda podem ser feitas: a primeira vice-presidênci­a deve permanecer com o senador Veneziano Vital (MDB-PB); a segunda vice-presidênci­a deve ficar com o União Brasil, que indicaria a professora Dorinha (União-TO); a primeira secretaria, conhecida como a “prefeitura” do Senado, deve ficar com o PT. É a cadeira que tem mais cargos para indicações.

Atualmente, o PL tem a segunda vice-presidênci­a, com o senador Romário (RJ). Se Pacheco vencer a disputa, o partido não deverá ocupar nenhum cargo na Mesa Diretora do Senado. Pacheco ainda tem prometido montar um Conselho de Ética forte e atuante. Segundo fontes, a ideia seria montar algo similar ao que se viu da oposição durante a CPI da Covid.

Um dos acordos feitos para manter Pacheco à frente da disputa, segundo fontes, é o voto do senador Mecias de Jesus (Republican­os-RR) em troca de apoio de aliados do presidente do Senado à candidatur­a do filho dele, o deputado Jhonatan de Jesus (Republican­osRR), para a vaga do TCU (Tribunal de Contas de União) de direito na Câmara.

Pacheco tem ainda o apoio de Lula, com quem se reuniu na semana passada para um jantar. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), atua como uma espécie de coordenado­r de campanha pela reeleição do presidente do Senado.

Caciques do MDB também fazem parte do time, além do senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Parlamenta­res pró-Marinho afirmam que o senador já teria ao menos 35 votos e que estaria empatado com Pacheco. Os 11 senadores restantes estariam indecisos e foram buscados por aliados do ex-ministro de Bolsonaro.Em outra frente, para reforçar o nome de Marinho na disputa, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez um jantar na noite de ontem com deputados e senadores eleitos pela sigla. A proposta foi dar “boas-vindas” e “carimbar” a candidatur­a do senador.

No fim de semana, houve a formalizaç­ão do bloco do PL com o PP e o Republican­os —ambas as siglas integravam a base de Bolsonaro no Congresso. Ao todo, são 23 senadores. O grupo ainda conversa com o PSDB, que elegeu quatro senadores. Nos bastidores, esperam também apoio de senadores do Podemos e do PSD, legenda de Pacheco.Há, no entanto, um entendimen­to que os acontecime­ntos de 8 de janeiro enfraquece­ram a candidatur­a de Marinho, já que parlamenta­res de direita querem agora se afastar do bolsonaris­mo e de radicais.

ELEIÇÃO DA CÂMARA

A eleição na Câmara dos Deputados também ocorre nesta quarta (1) com a posse dos 513 parlamenta­res eleitos em outubro último. E o favorito é o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP), deputado do Centrão e que apoiou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas tão logo Lula foi eleito para a presidênci­a da República, Lira cumpriment­ou o petista. O pepista é o favorito à reeleição contra Chico Alencar (PSOL).

Na Câmara dos Deputados, o atual presidente Arthur Lira (PP) é favorito à reeleição contra Chico Alencar (PSOL)

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Pedro Gontijo/Senado Federal Aliados de Rodrigo Pacheco garantem que ele sairá vitorioso e com ampla margem de 55 votos - são necessário­s ao menos 41 votos
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