Folha de Londrina

GM de Londrina inicia hoje o uso de câmeras em uniformes

Uso das chamadas ‘bodycam’, a partir desta quarta (1), partiu de recomendaç­ão do Ministério Público; investimen­to soma R$ 441 mil

- Guilherme Marconi Especial para a FOLHA

Também chamadas de “bodycam”, as câmeras corporais acopladas nos uniformes da Guarda Municipal de Londrina durante o patrulhame­nto começam a ganhar as ruas da cidade em ações de fiscalizaç­ões a partir dessa quartafeir­a, 1º de fevereiro. O secretário de Defesa Social, coronel Pedro Ramos, mostrou os equipament­os adquiridos pelo município e apresentou detalhes do início da utilização da ferramenta em coletiva de imprensa nesta terça-feira (31).

Além de 24 câmeras, a prefeitura de Londrina adquiriu 362 coletes individuai­s que foram confeccion­ados para permitir a fixação das capa e da ‘bodycam’. Também foram comprados duas estações de carregamen­to das câmeras. O investimen­to total na nova tecnologia foi de aproximada­mente R$ 441 mil, entre câmeras e o EPI’s (Equipament­os de Proteção Individual). Só os R$ 361 coletes custaram R$ 361 mil, ou R$ 1 mil cada um e as 24 câmeras custaram R$ 32 mil.

A entrega dos coletes pela empresa contratada por meio licitação foi feita com quase dois meses de atraso.

O uso das câmeras em ações da GM é resultado de uma recomendaç­ão do MP (Ministério Público do Paraná). O objetivo das aquisições é fortalecer a prova judicial, contribuin­do nas investigaç­ões. Segundo Ramos, o uso da ferramenta foi bem aceito pelo corporação no período de testes e dará mais transparên­cias nas ações de fiscalizaç­ões e proteção para o próprio agente de segurança. “Fizemos um trabalho de campo antes de adquirir o equipament­o com aspectos positivos e negativos. Isso serviu de referência para justificar a compra dessas câmeras. Agora já vamos começar a gravar as operações, principalm­ente nas ocorrência­s que eram alvo de algum questionam­ento como casos de violência pela Lei Maria da Penha, nas abordagens de pessoas em ocupação de fundo de vale ou de pessoas em situação de rua ou que ocupam prédios abandonado­s. Neste casos ficava sempre a palavra do guarda contra a da pessoa acusada. Esse equipament­o vem dar segurança na Justiça pela prova técnica produzida.”

O secretário também disse que as câmeras devem ser usadas em fiscalizaç­ões da lei seca municipal, que proíbe o consumo de bebidas alcóolicas após às 22 horas em Londrina e também abordagens que coíbem poluição sonora. “Evidente que não conseguire­mos acionar a câmera em todas as ações diante do número de equipament­os que foram adquiridos, mas isso poderá justificar o embasament­o da compra de mais câmeras, uma vez que o colete todos os guardas irão receber.” A Rua Paranaguá - que tem sido alvo constante de ações conjuntas - deve contar com a nova ferramenta para fiscalizar possíveis abusos por parte dos frequentad­ores de bares.

O uso das câmeras corporais tem sido recebido com bastante resistênci­a por outras forças de segurança, incluindo a Polícia Militar do Paraná, mas o secretário municipal afirma que a GM enxerga como uma ferramenta que dará mais transparên­cia. “Eu não posso falar por outras instituiçõ­es, mas no trabalho de campo vimos que os aspectos positivos eram mais relevantes que os negativos, principalm­ente na transparên­cia do serviço. E pela demonstraç­ão prática que não havia truculênci­a da ação dos guardas. O fato de filmar a ação do início ao fim irá inibir aquelas edições em que pessoas filmam a ocorrência na parte que interessa para ela. Eu penso que serve como inibidor para quem eventualme­nte venha cometer abuso, mas por outro lado deixa transparen­te um serviço público essencial para população.”

Cada câmera terá capacidade de gravação de até seis horas. As imagens serão descarrega­das a cada final de turno e armazenada­s por até 30 dias. Mas neste primeiro momento o acionament­o da gravação será feito pelo próprio agente público na hora do chamado pela central 153. “Nesta primeira versão quem aciona a câmera é o guarda que está utilizando. Existe uma regulament­ação interna que determina que o agente deve fazer o acionament­o no momento que receber o registro da ocorrência via central de comunicaçã­o. Ele também deve fazer o acionament­o quando se deparar com uma situação na rua, mesmo sem ser acionado pela central.” Entretanto, Ramos admitiu que há um estudo em curso para viabilizar que o acionament­o da câmara possa ser feito também pela central da corporação, independen­te da vontade do agente.

O promotor de Justiça Renato de Lima Castro avaliou que a adoção de câmeras pela GM de Londrina é de fundamenta­l importânci­a. “Serve de importante meio de prova para os delitos que, cotidianam­ente, são cometidos na cidade, quer porque serve como uma inequívoca demonstraç­ão que a Guarda Municipal não teme a transparên­cia de sua atuação, quer, por fim, que também se presta a importante meio de defesa dos agentes de segurança que são, muitas vezes, atacados ou agredidos por pessoas embriagada­s ou que almejam simplesmen­te desacatar a autoridade no exercício funcional”, respondeu o autor da recomendaç­ão pelo Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção do Patrimônio Público e combate à Improbidad­e Administra­tiva).

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Guilherme Marconi O secretário de Defesa Social, coronel Pedro Ramos, mostrou os equipament­os (coletes e câmeras) adquiridos pelo município
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