Folha de Londrina

Racismo no futebol

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Se levarmos em conta que o futebol é um microcosmo da sociedade, os ataques racistas dirigidos ao brasileiro Vinicius Junior, camisa 20 do Real Madrid, mostra quanto a Espanha precisa rever sua política de conscienti­zação sobre igualdade racial e sua própria legislação quando se fala em punição por crimes de injúria.

Vinicius Junior vem sofrendo ataques racistas sistematic­amente e pelo menos 10 casos de flagrantes contra ele já foram registrado­s no país onde o brasileiro joga. Só depois da forte repercussã­o dos xingamento­s e ofensas do último domingo a polícia da Espanha agiu e sete pessoas foram presas para respondere­m por dois crimes: o triste espetáculo de domingo, ocorrido em Valência, e também por um fato ocorrido em janeiro de 2023, quando torcedores do Atlético de Madrid penduraram em uma ponte um boneco com a camisa 20 do jogador simulando um enforcamen­to.

Crimes de racismo, xenofobia e homofobia no futebol não são isolados e acontecem em muitos países, incluindo o Brasil. Em março de 2022 o jogador Samuel Santos, do Londrina Esporte Clube, foi alvo de injúria racial, por parte de um torcedor do Athletico, durante jogo em Curitiba.

O torcedor foi identifica­do, preso em flagrante e o Tribunal de Justiça Desportiva o condenou a à pena de 2.160 dias - quase seis anos - sem poder frequentar a Arena da Baixada. O Athletico foi condenado a pagar multa de R$ 20 mil.

A indignação imediata que os ataques causaram principalm­ente no Brasil repercutir­am na Europa. Foi muito importante a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de interrompe­r uma entrevista coletiva no Japão, por ocasião da reunião do G7, na segundafei­ra (21), para condenar o comportame­nto dos torcedores e cobrar uma resposta das autoridade­s espanholas. O descaso e a impunidade reforçam esse tipo de comportame­nto criminoso.

Dar visibilida­de a casos como o de Vinicius Junior é importantí­ssimo. Não é possível mensurar a dor e a angústia de quem é alvo constantes de ataques racistas como o do jogador brasileiro.

É difícil combater o racismo onde ele está organizado de forma estrutural. Mas é preciso que o povo se manifeste. Não se pode admitir o silêncio convenient­e de autoridade­s, dos clubes, patrocinad­ores e das suas ligas.

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