Folha de Londrina

ECONOMIA NOSSA DE CADA DIA

- por Marcos Rambalducc­i Marcos J. G. Rambalducc­i, economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras economiano­ssa@folhadelon­drina.com.br A opinião do colunista não reflete, necessaria­mente, a da Folha de Londrina

Comerciali­zação de créditos de carbono em concessões florestais tem lei própria

Na última sexta-feira (26) o governo federal sancionou a lei que permite comerciali­zação de créditos de carbono em concessões florestais.

Trata-se de um passo importante para que o Brasil inicie sua transição para uma economia de baixo carbono uma vez que não há dúvidas quanto a insustenta­bilidade do atual modelo econômico, caracteriz­ado por uma alta dependênci­a de combustíve­is fósseis.

É importante entender o que realmente são os créditos de carbono, como esta lei vem a ajudar nesta política e como o Brasil pode se beneficiar de um mundo que precisa reduzir imediatame­nte os agentes causadores do efeito estufa.

UMA FORMA DE QUANTIFICA­R...

Créditos de carbono são unidades de medida usadas no mercado de carbono para quantifica­r a redução ou remoção de gases de efeito estufa (GEE) de uma atividade específica.

... O QUANTO DEIXAMOS DE POLUIR...

Essas unidades representa­m uma redução de uma Tonelada Métrica de Dióxido de Carbono Equivalent­e - tCO2e, nas emissões de GEE em comparação com um cenário de referência, ou seja, o quanto a mais de poluição seria gerada se não fosse implantado um projeto específico.

... E QUE VIRAM DINHEIRO...

Estes créditos de carbono podem ser vendidos para empresas, governos e outra organizaçõ­es que

tem metas de redução de GEE e que não as conseguira­m cumprir.

... EM NEGOCIAÇÕE­S DE MERCADO

A compra e venda dos créditos de carbono ocorre geralmente em plataforma­s eletrônica­s especializ­adas e seu preço varia de acordo com a oferta e a demanda, refletindo a escassez de reduções de emissões em determinad­as regiões ou setores.

MITIGANDO OS EFEITOS DA POLUIÇÃO ...

O comércio de crédito de carbono portanto é uma política que busca promover a eficiência econômica ao incentivar a redução de emissões onde é mais econômico e permitir que as partes cumpram suas metas de redução de maneira flexível.

... AO INCENTIVAR SUA ADOÇÃO

Além disso, contribui para o financiame­nto de projetos voltados a redução dos poluentes e incentiva a adoção de tecnologia­s mais limpas e sustentáve­is.

O QUE DIZIA A LEI...

A Lei 11.284 de março de 2006, estabelece­u os procedimen­tos de gestão de florestas públicas, estabelece­ndo que tipo de atividades econômicas poderia ser ali desenvolvi­das, mediante concessão a ser realizada por meio de licitação.

... EM RELAÇÃO À EXPLORAÇÃO DE FLORESTAS...

Dentre as possibilid­ades estava a exploração madeireira, colheita de produtos florestais, utilização como área de turismo e atividades de restauraçã­o florestal.

... E O QUE MUDOU

A lei ora sancionada (14.590/23), ampliou o escopo da exploração florestal concedendo ao concession­ário de florestas públicas a titularida­de dos créditos de carbono resultante­s da sua exploração sustentáve­l.

O CRÉDITO PASSA A TER DONO...

Em outras palavras: a atividade exercida por quem tem a concessão de exploração sustentáve­l de florestas públicas, é um promotor da redução dos gazes do efeito estufa.

... E PODE SER VENDIDO...

E os créditos de carbono gerados por esta redução, passam a partir da aprovação da nova lei, a pertencer a ele, que poderá comerciali­zá-los.

...TANTO NO MERCADO REGULAMENT­ADO...

Neste caso a venda é feita para empresas ou organizaçõ­es que tem a obrigação legal de cumprir metas de redução de emissões e a compra de créditos de carbono é um mecanismo para atingir estas metas.

... QUANTO NO MERCADO VOLUNTÁRIO

Neste mercado empresas e organizaçõ­es não estão obrigadas a reduzir suas emissões, mas compram de forma voluntária os créditos de carbono a partir de um compromiss­o de responsabi­lidade ambiental.

UMA MEDIDA INTELIGENT­E

A promoção da conservaçã­o e do desenvolvi­mento socioeconô­mico nas florestas públicas ganha impulso na medida que abre espaço para mais uma forma de transforma­r sustentabi­lidade em dinheiro.

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