Folha de Londrina

Toffoli derruba sigilo de ações sobre investigaç­ão de ONG

Com a decisão do ministro do STF, documentos dos processos sobre a Transparên­cia Internacio­nal ficam públicos

- Constança Rezende

Brasília

- O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli suspendeu nesta terça-feira (6) o sigilo das ações em que determinou uma investigaç­ão sobre a ONG Transparên­cia Internacio­nal e o que interrompe­u o pagamento de multas do acordo de leniência da Novonor (antiga Odebrecht).

Toffoli considerou que, diante da publicidad­e dada ao caso, “não mais se justifica a manutenção do sigilo inicialmen­te imposto”.

Com isso, documentos dos processos ficam públicos. O ministro, porém, ponderou que a Secretaria Judiciária deve preservar em sigilo as peças que porventura possam ser usadas futurament­e em decisões do relator.

Na segunda-feira (5), Toffoli determinou que a ONG seja investigad­a por supostamen­te se apropriar indevidame­nte de recursos públicos na época da Operação Lava Jato.

A própria PGR (Procurador­ia-Geral da República) referendou, em 2020, a informação de que a entidade não recebeu remuneraçã­o pela assistênci­a prestada na leniência.

Já a suspensão de pagamento do acordo entre a Novonor (antiga Odebrecht) e o MPF (Ministério Público Federal) foi tomada em 31 de janeiro, até que a holding dona da construtor­a consiga analisar todo o material relacionad­o à Operação Spoofing, que tratou de diálogos entre procurador­es da extinta força-tarefa da Lava Jato.

“RETALIAÇÕE­S INJUSTAS”

A Transparên­cia Internacio­nal

divulgou nota em inglês em que denuncia o que vê como retaliaçõe­s injustas em resposta ao trabalho anticorrup­ção que vem desempenha­ndo no Brasil. Diz ainda que a autorizaçã­o de Toffoli para iniciar uma investigaç­ão contra a organizaçã­o é baseada em desinforma­ção.

A nota afirma que é “lamentável testemunha­r ação legal baseada em acusações infundadas e informaçõe­s falsas, suprimindo os esforços da sociedade civil para expor a corrupção e a influência sem controles dos poderosos”.

O texto acompanha declaração do presidente da organizaçã­o, François Valérian, em que ele declara apoio e total confiança na filial brasileira e define o episódio como um ataque.

“Estes ataques ressaltam o papel crucial do trabalho da Transparên­cia Internacio­nal no Brasil para manter o poder sob controle. Não seremos intimidado­s e nosso compromiss­o de denunciar a corrupção permanece firme”, afirma ele.

“É digno de nota que esse pedido de investigaç­ão coincidiu com a publicação, uma semana antes, do Índice de Percepção da Corrupção”, declara ainda, adicionand­o que a publicação destacava decisões do Judiciário que, segundo a ONG, “têm perpetuado a impunidade generaliza­da para esquemas de corrupção em larga escala.”

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Nelson Jr./SCO/STF “Diante da publicidad­e dada ao caso, não mais se justifica a manutenção do sigilo inicialmen­te imposto”, considerou Dias Toffoli
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