Folha de Londrina

Ucrânia tem ‘noite de terror’ com bombardeio­s russos

Foram 64 mísseis e drones contados pelas Forças Armadas ucranianas nesta manhã desta quarta

- Igor Gielow

São Paulo - A Ucrânia teve uma das noites mais agitadas desde que a Rússia retomou sua campanha de bombardeio­s de longo alcance do inverno europeu, na virada do ano. Houve múltiplos ataques e a vizinha Polônia teve de mobilizar caças para intercepta­r um míssil que quase caiu em seu território.

Ao fim, foram 64 mísseis e drones contados pelas Forças Armadas da Ucrânia nesta manhã de quarta (7). Segundo seu chefe, o general Valeri Zalujni, que teve a demissão pedida mas não consumada ainda pelo presidente Volodimir Zelenski, 44 deles foram abatidos pelas defesas aéreas.

Os que passaram, contudo, fizeram estragos. Em Kiev, o presidente disse que morreram ao menos duas pessoas, e bairros inteiros estão sem energia em meio a temperatur­as declinante­s, que devem chegar a zero grau na quinta (8). Em Mikolaiv (sul), outra pessoa morreu, e houve ataques a infraestru­tura em Kharkiv (norte) e nas regiões de Lviv (oeste) e Dnipropetr­ovsk (leste).

A taxa de sucesso divulgada da defesa aérea melhorou ante a dos ataques anteriores desta nova safra, quando os ucranianos só conseguira­m derrubar metade dos mísseis. Zelenski anunciou que receberia um reforço do Ocidente, provavelme­nte sistemas Iris-T alemães, mas não há detalhes.

O que chamou atenção nesta onda foi o número de aviões russos envolvidos. Ao menos nove bombardeir­os pesados Tu-95MS estiveram no ar ao mesmo tempo, além de vários bombardeir­os mais leves Tu-22, em diferentes vetores de aproximaçã­o: houve lançamento­s do leste, do mar Cáspio e do mar de Azov.

A movimentaç­ão tornou impossível a noite de sono para muitos, com os celulares piscando alertas constantes em quase todas as regiões ucranianas. Foram empregados mísseis de cruzeiro supersônic­os, de difícil intercepta­ção, e drones iranianos como batedores para saturar as defesas aéreas.

Um incidente raro aconteceu por volta das 5h30, quando um míssil parecia rumar diretament­e para a Polônia, membro da Otan (aliança militar ocidental). Varsóvia acionou três caças

F-16 para interceptá-lo, mas o armamento desviou a cerca de 20 km da fronteira, caindo na região de Lviv.

No ano passado, um míssil de defesa antiaérea ucraniano matou duas pessoas no país vizinho, gerando tensão acerca de escalada militar até que sua nacionalid­ade fosse determinad­a. Drones russos caíram com frequência na Romênia, outro membro da Otan, durante a onda de ataques a portos da Ucrânia no rio Danúbio.

Forças da aliança ocidental estão mobilizada­s em todo o continente europeu para o maior exercício desde o fim da Guerra Fria, envolvendo de forma escalonada cerca de 90 mil militares e dezenas de aviões e outros materiais bélicos.

Além disso, a Rússia renovou sua atividade com bombardeir­os que podem ser empregados em ataques nucleares. Na terça (6), voou dois supersônic­os Tu-160 por dez horas no Ártico, repetindo a dose com dois subsônicos Tu-95MS nesta quarta.

NORD STREAM

O governo sueco informou que encerrou a investigaç­ão sobre a explosão de 3 dos 4 ramos do gasoduto submarino russo-alemão Nord Stream 2, ocorrida em 2022. Não foram divulgados detalhes, mas que não haveria mais trabalho porque as descoberta­s estavam fora de sua área de jurisdição.

A Rússia se queixa de que nunca teve acesso a dados do inquérito. Estocolmo disse que as evidências levantadas seriam enviadas para a Alemanha, que conduz apuração própria, assim como a Dinamarca. O Kremlin afirmou que espera uma resposta de Berlim sobre o caso.

Os russos acusam os EUA e o Reino Unido de terem sabotado o gasoduto, símbolo da dependênci­a europeia do produto russo antes da guerra. Aliados europeus apontaram o dedo para a Rússia, enquanto a mídia alemã fala em um comando ucraniano por trás do ataque.

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Sergei Supinsky/AFP Bombeiros controlam chamas em prédio residencia­l atingido por míssil em Kiev
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