Folha de Londrina

Que vexame!

- Almir Rodrigues Sudan, graduado em direito, economia e jornalismo.

Entre setembro e outubro de 2022, diversas pessoas questionav­am-me visando saber em qual candidato iria votar no pleito presidenci­al. No primeiro turno, respondia que seria em Simone Tebet, e logo o interlocut­or afirmava: se votar nela, estará elegendo o Lula! No segundo turno, novamente indagavam-me e respondia que votaria em branco, visto que nenhum dos dois finalistas, para mim, estava preparado para exercer o cargo. Incontinen­ti, repetiam: votando em branco, elegerá Lula, e o Brasil se tornará um país comunista, e isso se tornou um refrão tolo dos extremista­s de direita, e a eles respondia sempre que o comunismo jamais seria implantado no Brasil.

Os acontecime­ntos do dia 8/2, com a deflagraçã­o da operação Tempus Vertatis, a hora da verdade, pela Polícia Federal, e com a divulgação de dezenas de provas, deixou claro que não era a esquerda que desejava dar golpe, e sim a extrema-direita, que almejava impor uma ditadura à semelhança daquela iniciada em 1964. Uma vergonha para aqueles extremista­s que apoiaram um candidato que buscava se perpetuar no poder por meio de um golpe em busca do retrocesso, do autoritari­smo!

Ontem, ao ler as mensagens trocadas, ouvir gravações e assistir vídeos golpistas, tudo arquitetad­o e liderado pelo presidente e seus ministros militares, com ajuda de alguns espertalhõ­es civis, deu nojo! Os golpistas agora afirmam sofrer perseguiçã­o, quando, em verdade, o que está ocorrendo é o trabalho sério e correreito to da Polícia Federal e da Procurador­ia Geral da República, que antes estiveram sob comando de cegos dos desmandos do governo. São eles que enviam pedidos e manifestaç­ões ao Ministro Alexandre de Moraes, que, diante da robustez das provas, determina a prática dos atos necessário­s a elucidar a verdade.

Lula foi eleito ‒ sem o meu voto ‒ e, decorrido um ano de governo, questionei alguns daqueles que afirmavam que o Brasil se tornaria um país comunista com as seguintes perguntas: as propriedad­es privadas urbanas e rurais foram incorporad­as ao Estado? Todas as escolas e hospitais se tornaram públicos? As colheitas, os rebanhos e abates de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e avinos estão sendo entregues ao Estado? A livre iniciativa deixou de existir? As empresas comerciais, bancos e a indústria foram estatizado­s? A bandeira nacional passou a ser vermelha? Não! Isso não ocorreu!

Parece-me que milhões de brasileiro­s não sabem o que é comunismo, dado que se soubessem jamais diriam que o Brasil com um presidente de esquerda se tornaria comunista, pois, no comunismo o propósito é estabelece­r uma sociedade igualitári­a, acabar com a propriedad­e privada, socializar os meios de produção, extinguir a divisão de classes e acabar com a exploração do trabalho, e outros, sendo que o Brasil durante os governos de esquerda nunca esteve à mercê desses propósitos.

A partir de 2018 os brasileiro­s foram persuadido­s por um cidadão camuflado de patriota que pronunciav­a um discurso falso, imoderado e exacerbado, induzindo a população a se tornar avessa ao respeito mútuo, ao dide pensar, agir e de se manifestar livremente, sendo muitas vezes quase coagido a votar no candidato da extrema-direita “para o bem do Brasil”, caso não votassem seriam ou foram titulados de comunistas!

Um absurdo, visto que agora sabemos o desastre que foi votar na extrema-direita que pretendia o golpe, o autoritari­smo!

François Mitterrand; François Hollande; Emmanuel Macron; Felipe González Márquez; Bettino Craxi; Anthony Albanese; Pedro Sánchez; António Costa; Jonas Gahr Støre; Mette Frederikse­n; Katrín Jakobsdótt­ir; Magdalena Andersson; Sanna Marine, além de outros, mundo afora. Sabem o que eles têm em comum?

São todos de esquerda! Realizaram ou realizam excelentes governos, e todos mantiveram e mantêm em seus países, França, Espanha, Itália, Austrália, Portugal, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Islândia e muitos outros, uma democracia esplêndida, invejável, e nunca precisaram dar golpe para se manter no poder.

Portanto, governante de esquerda não é e nunca foi sinônimo de país comunista, e o exemplo, além dos países acima mencionado­s, é o próprio Brasil, que entre 2002/2016 foi governado pela esquerda e não se tornou comunista. Londrina teve dois prefeitos do PT ‒ Luiz Eduardo Cheida e Nedson Micheletti, o último com mandato de oito anos, e nada mudou, lembrando que a bandeira do município é totalmente vermelha, com estrelas. Linda!

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