Folha de Londrina

‘Líderes mundiais dirão o que ele teve coragem de falar’, diz presidente da Federação Palestina

- (J.M.L.)

A declaração do presidente Lula sobre a situação na Faixa de Gaza reflete o sentimento internacio­nal, à exceção de Israel e dos Estados Unidos, e será referendad­a por outros líderes, diz o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah. Para ele, desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro, e da resposta militar israelense, há uma tentativa de transforma­r a questão palestina em uma luta política interna no Brasil, o que leva a extrema direita a apoiar qualquer ação de Israel.

“A esmagadora maioria dos países sabe que Israel está cometendo um genocídio. Lula expressou o que o mundo está dizendo com outras palavras, o pronunciam­ento mais duro da China na Corte Internacio­nal de Justiça reflete essa fala. Os líderes mundiais vão começar a dizer publicamen­te o que o Lula teve coragem de dizer. Ele abriu uma porteira”, aposta Rabah. Na quintafeir­a, a China argumentou na Corte Internacio­nal de Justiça que os palestinos têm direito a usar a violência em nome de sua autodeterm­inação.

Ualid Rabah julga que, em nome de disputas políticas e eleitorais, a extrema direita brasileira optou por ignorar violações aos direitos humanos. “Há uma tentativa de tornar o genocídio na Palestina em uma questão de luta política interna, colocar uns contra os outros, como se fosse um debate eleitoral. A extrema direita, e não somente desde o dia 7 de outubro, escolheu estar com o genocídio permanente que dura 76 anos na Palestina”.

As acusações de antissemit­ismo seguem um método, acusa o presidente da Fepal. “Israel pode estar cometendo um genocídio, mas, se aquele que acusa for acusado de antissemit­ismo, a acusação de genocídio perde a lógica. A Europa resolveu não aceitar isso, até porque a visão do Lula não foi essa. Pelo contrário, ele disse que foi um crime horrível a perseguiçã­o e a morte de judeus na Europa, e que agora na Palestina está acontecend­o a mesma coisa”.

Para Ualid Rabah, as práticas de Israel podem ser considerad­as genocidas desde a criação do estado, em 1947. “Entre 1947 e 1951, 78% do território da Palestina foi tomado para se tornar Israel pela força, 88% dos palestinos foram expulsos ou mortos. Os palestinos são 20% dos refugiados no mundo, apesar de serem 0,17% da população mundial. Em Gaza, são 365 quilômetro­s quadrados e temos 1,9 milhão de pessoas entre mortos e deslocados, além de 40 mil mortos, 8 mil desapareci­dos sob escombros e 70 mil feridos. Israel pretende ter maioria judaica na Palestina histórica, podemos estar diante da tentativa de eliminar até 500 mil pessoas na Faixa de Gaza”.

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