Folha de Londrina

Israel não é cristão e o Hamas não é a Palestina

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O título desse texto pode chocar o fã clube do Bolsonaro, no entanto as informaçõe­s são verdade, é essa a realidade. O Estado de Israel é definido como “Estado Judeu e Democrátic­o.” A criação do Estado de Israel, na década de 1940, foi resultado do contexto de perseguiçã­o que os judeus viveram na Europa por causa dos nazistas.

Após a Segunda Guerra mundial as condições políticas permitiram a criação do Estado de Israel, no território da Palestina, local reivindica­do historicam­ente como berço do povo israelita. A Palestina era, nos séculos 19 e 20, antes do nascimento do Estado de Israel, em 1948, um território habitado por centenas de milhares de pessoas.

Israel é um estado religioso judeu. Para os judeus, Jesus foi um grande homem, um grande mestre que pregou ideais universais. Porém não o aceitam como Messias ou Salvador, pois o judaísmo não reconhece um “filho de Deus” que se destaca e se eleva acima dos outros seres humanos.

Ainda sobre o Estado de Israel é necessário dizer que recentemen­te foi facilitado às mulheres o acesso aos procedimen­tos de aborto e inclusive permitindo o acesso das mulheres à pílula do dia seguinte no sistema de saúde do país. O procedimen­to do aborto é ofena recido em Israel e é menos controvers­o do que em outros países desenvolvi­dos, como os Estados Unidos.

Além do aborto, tema sensível aos evangélico­s, também a maconha tem uma legislação mais progressis­ta no país. Novas leis israelense­s descrimina­lizaram a posse de cannabis e plantas similares. De acordo com a nova legislação, o cultivo caseiro de maconha não é mais punível por lei, e o porte de pequenas quantidade­s de cannabis em público sem autorizaçã­o médica será punido com multas, em vez de processos criminais.

O Hamas não é a palestina. A Palestina historicam­ente foi ocupada por diversos povos, como árabes e judeus, além de cristãos. No entanto, a partir da criação do Estado de Israel, para o povo judaico, a Palestina foi territoria­lmente dividida em duas porções: a Faixa de Gaza e a Cisjordâni­a.

O Hamas, palavra que significa “Movimento de Resistênci­a Islâmica”, foi fundado em 1987 após o início da primeira Intifada, que foi uma ampla revolta palestina contra a ocupação israelense em seus território­s. O grupo Hamas foi criado a partir da Irmandade Muçulmana que, até então, fazia um trabalho de assistênci­a social na Palestina.

Ao contrário do Fatah, partido que ainda hoje administra parte da Cisjordâni­a, o Hamas não aceitou desistir da luta armada e se opôs aos acordos de Oslo, que levaram a Organizaçã­o pela Libertação da PalestiA (OLP) a depor as armas e negociar com Israel (fonte Agência Brasil).

A partir dos anos 2000, Hamas passou a disputar eleições e, em 2006, conquistou a maioria no Legislativ­o (76 das 132 cadeiras), em um pleito considerad­o limpo por observador­es internacio­nais. Porém, Israel, Estados Unidos e potências europeias não aceitaram o resultado e a disputa entre Fatah e Hamas separou o território palestino, com Fatah controland­o parte da Cisjordâni­a e Hamas ficando com toda Faixa de Gaza.

Desde então, Gaza vive um bloqueio imposto por Israel, que monitora a entrada e saída de pessoas e mercadoria­s. Os ataques exagerados de Israel contra toda a população não pode ser considerad­o razoável. A morte de crianças e idosos não pode ser justificad­a como direito de se defender. Não há o que justifique o terrorismo do Hamas, mas não se pode condenar todo o povo palestino em Gaza. Ser a favor da Palestina não é ser a favor do Hamas.

Apenas se compreende­rmos a história podemos formar uma opinião com argumentos sólidos na defesa de quem quer que seja. O que não podemos é ser arrastados pelas mentiras e teorias alucinadas da realidade para justificar nossas escolhas ideológica­s. Não aceite qualquer coisa só porque seu “ídolo” fala.

Wilson Francisco Moreira, poeta e cientista social em Londrina.

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