Folha de Londrina

Conquistas e desafios dos paranaense­s líderes da pecuária nacional

- LUCAS CATANHO Especial para a FOLHA

O Paraná tem quatro municípios que lideram, cada um em sua área, o ranking de produção pecuária nacional, conforme mostra estudo que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) realiza todos os anos. Trata-se da Pesquisa da Pecuária Municipal. A última lista divulgada foi realizada com base em dados de 2022, publicada no segundo semestre de 2023. A pesquisa reforçou a liderança de Toledo quando o assunto é rebanho de suínos. Castro e Arapoti saem na frente em produção de leite e mel, respectiva­mente. Já Nova Aurora lidera na criação de peixes. Neste fim de semana (2 e 3) e na edição de 9/10 de março, a Folha de Londrina traz um Raio X da produção agropecuár­ia nesses municípios campeões em suas áreas de vocação econômica, começando com Castro e Toledo. Castro, maior produtor de leite

Localizado na região dos Campos Gerais, o município de Castro mantém-se no topo da produção nacional de leite. É o que mostra a Pesquisa da Pecuária Municipal 2022, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

Em 2022, o município produziu mais de 426,6 milhões de litros de leite. O volume produzido é 11% maior que em 2021, quando Castro somou 381,7 milhões de litros produzidos.

O Deral (Departamen­to de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultur­a e Abastecime­nto), destaca que o VBP (Valor Bruto da Produção) do leite em Castro – a riqueza advinda da atividade – ultrapasso­u R$ 1,1 bilhão em 2022.

O Sindicato Rural aponta haver 800 produtores de leite em Castro. “Trata-se de uma cadeia extremamen­te bem estruturad­a que adquiriu tecnologia a partir da imigração europeia recente, principalm­ente holandesa”, destaca Eduardo Medeiros Gomes, presidente do Sindicato Rural de Castro.

A cadeia inclui fábricas de ração, assistênci­a técnica veterinári­a, formação profission­al (Centro de Treinament­o para Pecuarista­s e Senar), além de cooperativ­as que também atuam como indústrias – caso da Castroland­a. “Além de tudo isso, o clima em Castro é favorável para a produção de alimentos para os animais.”

DESAFIOS

Entre os maiores desafios dos produtores, o presidente do sindicato aponta a sobrevivên­cia financeira.

“O pequeno produtor tem que ser muito produtivo para se manter a longo prazo. Por outro lado, o que produz mais precisa ter escala para sustentar um grupo de funcionári­os. São desafios de custo. Hoje a guerra é contra a queda de preço em virtude da facilitaçã­o da importação de leite, principalm­ente de países do Mercosul, já que as questões cambiais ficaram mais favoráveis.”

A Castroland­a é o principal nome quando se fala na cadeia do leite em Castro. A cooperativ­a atua desde a assistênci­a técnica, logística do produto para a indústria, beneficiam­ento e comerciali­zação.

Em 2022, o faturament­o bruto da companhia alcançou R$ 7,2 bilhões. A cooperativ­a possui 446 cooperados na área do leite – desse total, 277 são de Castro.

No ano de 2021 a produção de leite da Castroland­a foi de 435 milhões de litros, e no ano de 2022 atingiu a marca de 472 milhões de litros, um aumento de quase 10% com relação ao ano anterior.

“A pecuária de leite foi a primeira atividade de atuação da cooperativ­a e, com muito trabalho, dedicação e investimen­to dos produtores, alcança patamares cada vez melhores quando falamos em produtivid­ade por animal”, celebra Willem Berend Bouwman, diretor-presidente da Castroland­a.

A cooperativ­a capta diariament­e mais de 1 milhão de litros de leite, e a maior parte dessa produção é oriunda dos produtores castrenses.

“É um município privilegia­do pelo clima, favorável para produção de leite, e enquanto vemos a produção de outras regiões cair, aqui a produção tem aumentado cerca de 8% ao ano. É uma região pequena com alta concentraç­ão de rebanhos, em que os produtores, além do volume, recebem também pela qualidade do leite entregue à indústria”, conclui.

NACIONAL

Na contramão de Castro, com aumento no volume produzido, a pesquisa do IBGE aponta que a produção de leite foi estimada em 34,6 bilhões de litros em 2022 no Brasil, redução de 1,6% em comparação ao ano anterior.

A produção tem sido decrescent­e desde 2020, quando alcançou o recorde da série (35,3 bilhões de litros). O IBGE analisa que a alta dos custos e a redução das margens têm desestimul­ado a produção.

Entre as regiões brasileira­s, o Sul manteve a liderança reconquist­ada em 2021, com uma participaç­ão de 33,8% no ano passado, seguido de perto pelo Sudeste com 33,6%.

Seis dos dez principais municípios em produção de leite foram mineiros e três do Paraná. Na segunda posição nacional, também está um município paranaense, Carambeí, com a produção de 255 milhões de litros em 2022. (Com informaçõe­s do IBGE)

 ?? IStock ?? Em 2022, Castro produziu mais de 426,6 milhões de litros de leite, volume 11% maior do que o alcançado em 2021
IStock Em 2022, Castro produziu mais de 426,6 milhões de litros de leite, volume 11% maior do que o alcançado em 2021
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil