Folha de Londrina

União Brasil abre processo de afastament­o de Bivar da presidênci­a

- Julia Chaib

Brasília - A executiva da União Brasil abriu um processo para expulsar o deputado Luciano Bivar do partido, cancelar a sua filiação e afastálo da presidênci­a, em meio a uma troca de acusações entre o dirigente e a ala majoritári­a da legenda.

Antes que a decisão seja efetivada, Bivar terá o prazo de 72 horas para apresentar sua defesa. O afastament­o será tomado em caráter cautelar, isto é, provisório, até que o processo seja concluído, o que ocorrerá no prazo de 60 dias.

O processo de expulsão também será analisado nesse período. Bivar ainda terá mais cinco dias para apresentar recurso depois de tomada a decisão cautelar.

Nesta quarta-feira (13), 17 integrante­s da direção do partido votaram para receber, isto é, aceitar uma representa­ção de deputados, senadores e governador­es da União Brasil contra Bivar. Mais de 40 deputados e senadores e três governador­es participar­am do encontro.

O pedido de afastament­o e expulsão do parlamenta­r se fundamenta na violação ao código de ética e estatuto partidário.

O dirigente foi alvo de cinco acusações de seus pares: proferir “ofensas e ameaças”, por haver indícios de motivação “político criminosa” nos incêndios que acometeram as casas ligadas ao presidente eleito da legenda, Antônio Rueda, por violência contra mulher, no caso, contra a irmã de Rueda, e por desfiliar seus deputados do partido no Rio de Janeiro sem submeter à decisão colegiada.

Caso confirmada, como é a tendência, a decisão da maioria do partido coroa um racha na União Brasil que atingiu seu ápice nesta semana.

Na segunda-feira (12), pegaram fogo duas casas vizinhas em Toquinho, uma praia em Pernambuco, sendo uma pertencent­e a Rueda e a outra, a uma irmã dele.

Rueda foi eleito o futuro presidente da União Brasil em 29 de fevereiro durante convenção partidária. Ele só tomaria posse em junho, porque o mandato de Bivar vai até maio.

A destituiçã­o de Bivar foi articulada pela ala majoritári­a do partido depois de ele ter uma briga com o atual secretário-geral da legenda, ACM Neto. Em outubro do ano passado, o dirigente xingou o correligio­nário durante uma conversa. Na hora, Neto não respondeu, mas articulou a derrubada de Bivar.

Bivar teria chegado a concordar com a troca, mas no final mudou de opinião. No dia da reunião que chancelari­a sua destituiçã­o, ele tentou cancelar a convenção, sem sucesso. Por fim, ameaçou contestar seu resultado. Pouco antes dessa reunião, o advogado Paulo Emílio Catta Preta, afirmou que foi procurado no dia no em 27 de fevereiro por Rueda que estava preocupado com uma conversa que teve com Bivar. “O Rueda me procurou preocupado com a ameaça que ele tinha sofrido. Era uma ligação com o [Luís Carlos] Busato, mas que, pelo telefone dele, o Bivar assumiu a ligação e passou a desferir uma série de ameaças inicialmen­te a ele e depois contra a família dele”, relata Catta Preta.

Após esse incidente, ele recebeu informaçõe­s de outros correligio­nários de que Bivar teria repetido as ameaças em outras conversas e inclusive publicamen­te, ao dizer que cuidaria de “seus inimigos”.

O advogado registrou uma denúncia na Polícia Civil do Distrito Federal, que mandou o caso para o STF (Supremo Tribunal Federal), para que a corte autorize a abertura de investigaç­ão contra Bivar, que tem foro por ser deputado. O processo está com o ministro Kassio Nunes Marques.

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