Renato Borghi: um ator icônico num espetáculo imperdível
“O Que Nos Mantêm Vivos” terá duas sessões no Festival de Curitiba, na terça (2) e quarta-feira (3), no Teatro da Reitoria
Dois dias depois de completar 87 anos, o ator Renato Borghi sobe ao palco com sua companhia Teatro Promíscuo para o “ato-espetáculo musical” no qual tem trabalhado nos últimos 51 anos para celebrar seus 65 anos de carreira. Quando Borghi conheceu José Celso Martinez Corrêa ainda nos bancos da faculdade de direito, os dois criaram o Teatro Oficina e os rumos do teatro brasileiro mudaram. Com mais de 50 montagens na carreira e algumas das mais importantes da história do teatro nacional, dezenas de prêmios, uma homenagem especial na última edição do Prêmio Shell, a presença dele é o grande luxo da edição 32 do Festival de Curitiba. “É um ator icônico do teatro brasileiro, e eu acho que todo estudante, estudante de teatro, tem que ver essa peça”, afirma o curador Patrick Pessoa.
Quando se pensa em dramaturgia contemporânea, não há como ignorar Bertolt Brecht (1898-1956). O alemão é o autor contemporâneo mais influente e mais transformador. A partir dele, surgiu uma nova maneira de fazer teatro, com linguagem acessível e uma plateia mais participativa em textos ao mesmo tempo com apelo popular e capacidade crítica da realidade. O texto de “O Que Nos Mantém Vivos” é uma seleção dos melhores momentos do dramaturgo que, apesar de ter escrito na primeira metade do século 20, permanecem violentamente atuais, da maneira como foram colados por Borghi e pelo grupo Teatro Promíscuo.
A peça que vem a Curitiba é uma evolução de “O que mantém um homem vivo?”, peça que Borghi e Esther Góes montaram em 1973, durante o período mais violento da ditadura militar. Quase dez anos depois, às vésperas da redemocratização, eles a remontaram. Em 2019, Borghi, Élcio Nogueira
Seixas e a companhia Teatro Promíscuo decidiram recriar a peça tendo em vista a realidade política e histórica do país naqueles dias.
Teatro não é a única, mas é a melhor resposta para a pergunta no título do espetáculo. O espetáculo do Teatro Promíscuo é uma declaração de amor. A peça não tem a curta duração de um episódio de uma série como muitas outras. O texto não busca o riso e a emoção fáceis, pelo contrário. O elenco nem tem o atrativo de atores conhecidos do cinema e da televisão, mas atores puro-sangue dos palcos. “O Que Nos Mantém Vivos” é teatro na veia, uma peça para quem tem sensibilidade às muitas camadas e possibilidades de uma obra no palco.
* Com assessoria de imprensa.