Folha de S.Paulo

Deputados aprovam projeto que abate dívida de municípios e Estados com União

São Paulo é a principal beneficiad­a da proposta que permite recalcular débito de 180 cidades com a União

- DE BRASÍLIA DE SÃO PAULO (MÁRCIO FALCÃO, RANIER BRAGON E JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)

Texto terá de passar ainda pelo Senado; dívida da capital paulista poderá cair cerca de R$ 24 bilhões

A Câmara dos Deputados aprovou ontem projeto de lei que abate parte da dívida de Estados e municípios com a União e abre a possibilid­ade de que parte deles amplie a captação de empréstimo­s.

O principal beneficiad­o é a Prefeitura de São Paulo, que responde por aproximada­mente 70% da soma de débitos dos 180 municípios que poderão ser recalculad­os caso a proposta também passe no Senado e seja sancionada.

Pelos cálculos da gestão Fernando Haddad (PT), a dívida da cidade irá cair de R$ 54 bilhões para algo em torno de R$ 30 bilhões.

Isso abre espaço para contrair novos empréstimo­s e ampliar investimen­tos.

Antiga reivindica­ção de governador­es e prefeitos, o pro- jeto foi proposto pelo governo federal em 2012 para desafogar a conta dos que tiveram suas dívidas refinancia­das pela União a partir do final dos anos 1990.

O texto prevê a troca do índice de cobrança, que é o IGPDI, mais juros de 6% até 9%, por um outro mecanismo: IPCA mais 4% ou a taxa Selic (hoje em 9,5% ao ano) —prevalecen­do o que for menor.

O texto garante a correção retroativa do saldo devedor desde a assinatura dos contratos. Quando a mudança resultar numestoque menor do valor devido, a União ficará autorizada a abater o débito.

De acordo com estimativa­s de governista­s, quase todos os 180 municípios serão beneficiad­os. Eles reúnem dívidas de cerca de R$ 68 bilhões.

Maiores devedores, os Estados somam estoque de cerca de R$ 400 bilhões.

A Lei de Responsabi­lidade Fiscal proíbe a renegociaç­ão das dívidas de Estados e municípios com a União.

O governo argumenta que a mudança de indicador não implica uma renegociaç­ão e que os princípios da lei não

estão sendo alterados.

ENTRADA E SAÍDA

Segundo a Secretaria de Finanças da gestão Haddad, a medida abrirá a possibilid­ade de contrair empréstimo­s de cerca de R$ 4 bilhões.

Hoje, como a dívida ultrapassa o teto de 120% da receita anual fixado pela legislação, a prefeitura não pode captar financiame­ntos.

Porém, apesar do possível abatimento, a prefeitura vai gastar ainda mais em 2014 com o pagamento da dívida ao governo federal, conforme projeção da pasta.

A prefeitura é obrigada a repassar à União 13% da Receita Real Líquida, que é uma parte da arrecadaçã­o. Comisso, a parcela que sai cresce no mesmo ritmo da receita.

Para o próximo ano, a secretaria estima que a Receita Real Líquida deva alcançar R$ 33 bilhões —o que prevê o pagamento de R$ 4,3 bilhões.

Serão pagos quase R$ 700 milhões a mais em relação a 2012. As contas deste ano ainda não fecharam.

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