Folha de S.Paulo

Ex- diretor da Petrobras liga Campos e petistas a propina

Segundo revista, ministro e presidente­s de Câmara e Senado também são citados em depoimento à PF

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Um ex- diretor da Petrobras citou à Polícia Federal os presidente­s do Senado, Renan Calheiros ( PMDB), e da Câmara, Henrique Alves ( PMDB), como beneficiár­ios de um esquema de suborno na estatal, segundo a “Veja”.

Sem dar detalhes nem valores, a revista diz que Paulo Roberto Costa também ligou à propina o ministro Edison Lobão ( Minas e Energia) e Eduardo Campos, presidenci­ável do PSB morto em acidente aéreo no mês passado.

Na lista do ex- executivo, preso há três meses e que faz delação premiada para reduzir sua pena, aparecem o deputado Cândido Vaccarezza e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, suposto elo do esquema com o partido.

Alguns citados negaram participaç­ão no esquema, e outros não se manifestar­am.

As menções de Costa, acusado de liderar esquema de desvios na Petrobras, repercutir­am de imediato na campanha presidenci­al.

Aécio Neves ( PSDB) disse que as citações levam a um “mensalão 2”. Marina Silva saiu em defesa de Campos, enquanto a presidente Dilma afirmou que tomará as “providênci­as cabíveis” para apurar os relatos.

De acordo com a revista ‘ Veja’, ex- executivo relaciona também Roseana Sarney e o ex- governador Cabral

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão ( PMDB- MA), e os presidente­s do Senado e da Câmara, Renan Calheiros ( PMDB- AL) e Henrique Alves ( PMDB- RN), foram citados pelo ex- diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiár­ios de propina em esquema na estatal, relata a revista “Veja”.

A reportagem não traz detalhes, documentos nem valores sobre o esquema.

Os ex- governador­es do Rio e de Pernambuco, Sérgio Cabral ( PMDB) e Eduardo Campos ( PSB), morto em agosto, e a governador­a do Maranhão, Roseana Sarney ( PMDB), também foram citados, assim como o ex- ministro das Cidades de Dilma Mário Negromonte ( PP- BA).

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que aparece em outros episódios da investigaç­ão da Operação Lava Jato, é mencionado como o elo entre o esquema e o partido.

A revista também traz como beneficiár­ios de propina os senadores Romero Jucá ( PMDB- RR) e Ciro Nogueira ( PP- PI) e os deputados Cândido Vaccarezza ( PT- SP) e João Pizzolatti ( PP- SC).

Os nomes, segundo a revista, surgiram no acordo de delação premiada que Costa fez com procurador­es da forçataref­a da Operação Lava Jato.

O ex- diretor decidiu fazer a delação para tentar deixar a prisão, onde está há quase três meses. Se as informaçõe­s que prestar forem relevantes para esclarecer outros crimes, ele pode ser solto.

A Operação Lava Jato foi deflagrada em março com a prisão do doleiro Alberto Youssef, acusado de liderar o esquema de lavagem que movimentou R$ 10 bilhões.

Costa é apontado como o chefe de umesquema de desvio de verbas da Petrobras no período em que foi diretor da estatal, de 2004 a 2012, nos governos de Lula e de Dilma Rousseff, ambos do PT. O doleiro cuidaria da lavagem do dinheiro para que o recurso chegasse aos políticos.

A compra da refinaria de Pasadena, no Texas, sobre a qual o Tribunal de Contas da União já apontou uma série de indícios de superfatur­amento, também envolveu o pagamento de suborno, segundo o relato de Costa.

O ex- diretor da estatal já havia citado o nomedoex- governador Eduardo Campos, mas como sua testemunha de defesa. O ato foi interpreta­do como envio de umrecado para os políticos de que outros nomes poderiam ser revelados por Costa. APOIO O advogado do ex- diretor à época, Nelio Machado, escreveu numa petição que poderia solicitar a convocação do ex- presidente Lula e da presidente Dilma.

Lula é apontado como uma espécie de protetor de Costa na Petrobras. Ele foi indicado ao cargo pelo PP, ganhou o apoio do PTedoPMDB, mas sentia- se abandonado pelos parlamenta­res após ter sido preso pela Polícia Federal.

Como diretor de distribuiç­ão da Petrobras, Costa foi responsáve­l pela obra mais cara da estatal, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujo preço final deve passar de R$ 40 bilhões.

O depoimento com os nomes dos políticos terá de ser analisado pelo ministro Teori Zavascki, do STF ( Supremo Tribunal Federal), porque eles têm foro privilegia­do.

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